O candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) listou, em entrevista coletiva em Porto Alegre, nesta quarta-feira (19), uma série de medidas econômicas que serão adotadas caso ele seja eleito, com destaque para a equiparação dos salários entre homens e mulheres e a definição de garantias a trabalhadores de transporte por aplicativos.
— Estou convencido que uma das brigas que vamos ter de fazer é para regular uma proposta da Simone Tebet (ex-candidata que está apoiando Lula) que é o salário igual para o homem e a mulher. Vamos tentar regulamentar isso. (...) As pessoas que trabalham com aplicativo praticamente não têm direitos. Não tem descanso semanal remunerado. É preciso uma regulamentação. Se tiver gente que quiser trabalhar por conta própria, vamos fazer uma grande obra que é os bancos públicos financiarem pequenos e médios empreendedores — afirmou Lula, rodeado por lideranças do Rio Grande do Sul que o apoiam.
Lula está em Porto Alegre para atos de campanha nesta quarta-feira (19) e, neste primeiro compromisso, concedeu entrevista no Hotel Plaza São Rafael, no Centro.
Ao lado do candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também prestou solidariedade ao músico Seu Jorge, alvo de racismo em show realizado no Grêmio Náutico União (GNU), em Porto Alegre.
— Quero demonstrar minha solidariedade ao Seu Jorge, a mais recente vítima do preconceito nesse país. Todas as pessoas democratas precisam rejeitar e repudiar qualquer gesto de preconceito. Não podemos admitir — manifestou Lula, em uma declaração feita por ele antes mesmo do início das perguntas dos jornalistas.
A entrevista coletiva durou cerca de 25 minutos. Essa deve ser a única passagem de Lula pelo Rio Grande do Sul no segundo turno, restando apenas 11 dias para a etapa final da eleição.
O candidato destacou que ainda terá “muitas viagens” até o final da eleição, destacando atos que fará no Sudeste, inclusive o de encerramento da campanha, em São Paulo. Ele criticou o que considerou o uso da estrutura de Estado por parte do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), citando a criação de gastos em período eleitoral.
— A utilização da máquina pelo meu adversário é jamais vista na história desse país. É uma coisa de certo desespero, mas acho que a sociedade brasileira está madura de que chegou a hora de voltar à democracia. A minha candidatura representa a grande chance desse país de voltar à normalidade, com política econômica de distribuição de renda e crescimento — afirmou Lula.
Pela manhã, antes de vir a Porto Alegre, Lula esteve em São Paulo e participou de um encontro com religiosos em que lançou uma carta aos evangélicos, reforçando compromissos com a liberdade religiosa, de culto e a vida. O documento ainda cita realizações de Lula quando presidente, como as sanções do Dia Nacional da Marcha para Jesus e da Lei da Liberdade Religiosa, que assegurou personalidade jurídica às igrejas. Esse movimento é uma tentativa de reduzir a vantagem de Bolsonaro entre o segmento evangélico.
Questionado sobre o eventual lançamento de uma carta ao agronegócio, outro nicho favorável a Bolsonaro, rejeitou a hipótese e disse que o seu governo liberou mais financiamentos para os empresários do ramo do que o atual.
— Não é possível fazer campanha com carta para todos os setores. Qualquer oposição que o agro tenha a mim e ao PT não é por conta de quando fui governo. O problema do agro conosco não é de dinheiro. Pode ser ideológico, de concepção. Não vamos permitir a ocupação desordenada da Amazônia, de nenhum bioma. Tenho clareza de que o homem do agronegócio não tem interesse em desmatamento e queimada da Amazônia. Quem tem esse interesse são os transgressores. Cuidar do clima, hoje, é tão importante quanto qualquer outra atividade econômica — disse Lula.
Sobre a disputa em segundo turno para o governo do Rio Grande do Sul, em que se enfrentam Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL), Lula evitou abrir voto, mas foi crítico ao candidato do bolsonarismo.
— O PT tem autonomia para fazer o que bem entende aqui, menos eleger o Onyx — destacou o petista, negando-se a passar desse ponto nas declarações.
Depois da entrevista coletiva, Lula seguiu para o Largo dos Açorianos, entre o Centro Histórico e a Cidade Baixa, ponto de partida de uma caminhada que fará ao lado de apoiadores até a Praça Marechal Deodoro, a Praça da Matriz. A passeata seguirá pela Avenida Borges de Medeiros, Rua Riachuelo e desembocará na Matriz, rodeada pelo Palácio Piratini, Assembleia Legislativa, Poder Judiciário e Theatro São Pedro. Do alto de um veículo, Lula irá encerrar o ato com discurso no local. Depois, seguirá viagem para dar continuidade à campanha no Rio de Janeiro.