Os economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Persio Arida, considerados essenciais no sucesso da implantação do Plano Real, divulgaram nota conjunta de voto no candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que disputa o segundo turno contra o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
"Nossa expectativa é de condução responsável da economia", afirmaram, na nota. O documento não traz mais detalhes sobre o raciocínio que embasou a decisão do voto.
Malan foi ministro da Fazenda durante o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), além de presidente do Banco Central (BC) no governo Itamar Franco. Fraga foi presidente do BC no segundo mandato de FHC. Edmar Bacha participou da implantação do Plano Real. Arida foi presidente do BC e do BNDES no governo FHC.
Arida já havia declarado, na quarta-feira (5), o voto em Lula:
— Vou votar no Lula não só pelos erros do governo Bolsonaro, mas porque estou preocupado com a democracia brasileira.
— Não quero que a democracia morra e o que hoje temos é um retrocesso civilizatório — afirmou o economista.
Ele falou ainda que o desempenho ruim do governo Bolsonaro seria ainda pior em um eventual segundo mandato. Sobretudo, segundo ele, em razão de um Congresso mais conservador, que pode apoiar pautas menos republicanas.
— Historicamente, os segundos mandatos são piores e é inaceitável continuar por mais quatro anos com esse governante — afirmou. — Bolsonaro reeleito, seria uma ameaça à democracia, ao meio ambiente e aos direitos humanos.
Arida disse que não participará efetivamente da campanha, mas que está aberto a conversas. Em 2018, ele coordenou o plano econômico do então presidenciável Geraldo Alckmin (PSB), hoje vice na chapa de Lula.
Arida e Bacha colaboraram com a área econômica da campanha da emedebista Simone Tebet, que na quarta-feira também empenhou seu apoio a Lula neste segundo turno da corrida presidencial.
— O PT já fez boas e más políticas ao longo dos anos e estou na expectativa de que venham as boas políticas — disse.
Além disso, disse Arida, os programas de governo nem sempre são cumpridos. Bolsonaro, por exemplo, prometeu respeitar o teto de gastos, mas o rompeu em três dos quatro anos de governo.
— A julgar pela trajetória, vai romper todos os anos — afirmou.
Para o economista, o aspecto fiscal, no entanto, não é o principal problema do país.
— O Brasil precisa de reformas administrativa, tributária, abertura comercial e mudança no modo de funcionamento da máquina públicas — disse.
Para ele, a única medida liberal do governo atual, a independência do Banco Central, aconteceu por um "cochilo do Bolsonaro".
— Se ele tivesse percebido, teria barrado e (a autoridade monetária) sofreria intervenção como a Petrobras — avaliou.