A senadora e candidata à Presidência da República pelo MDB, Simone Tebet, anunciou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta quarta-feira (5). Antes do pronunciamento no qual oficializou sua posição, que teve início às 16h, a emedebista havia almoçado com o petista na casa de Marta Suplicy — Lula não esteve no anúncio oficial.
Ainda na terça-feira (4), Tebet já havia se encontrado com o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB). Os dois chegaram a tirar foto juntos. Simone ficou em terceiro lugar na disputa ao Planalto, com cerca de 5 milhões de votos (4,16%).
A emedebista destacou, em seu pronunciamento, que criticou os dois candidatos durante a campanha eleitoral, mas afirmou que "o que está em jogo é muito maior do que cada um de nós".
— Pelo amor que tenho ao Brasil, peço desculpas aos meus amigos que imploraram pela neutralidade — afirmou a senadora do MDB.
— A minha consciência me diz que nesse momento tão grave de nossa história, omitir-me seria trair minha história de vida pública. Não anularei meu voto, não votarei em branco, não cabe à nação a neutralidade — completou, antes de anunciar apoio a Lula.
A senadora emedebista ainda criticou, em seu pronunciamento, Jair Bolsonaro (PL). Ela afirmou que a negação à pandemia atrasou as vacinas e disse que, no atual governo "os livros deram lugar às armas":
— O Brasil voltou ao mapa da fome. O orçamento, antes público, necessário para servir ao povo, tornou-se secreto e privado.
Ela afirmou que manteria as críticas que fez a Lula, mas que reconhece nele o "compromisso com a democracia e a Constituição":
— Ainda que mantenha as críticas que fiz ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em especial nos últimos dias de campanha, quando cometeu o erro de chamar para si o voto útil, o que é legítimo, mas sem apresentar suas propostas para os reais problemas do Brasil, depositarei nele o meu voto, porque reconheço seu compromisso com a democracia e a Constituição, o que desconheço no atual presidente.
Tebet ainda disse que apresentou projetos ao governo petista:
— Meu apoio é por projetos que defendo e ideias que espero ver acolhidas. Dentre tantas que julgo importante, destaco cinco tendo sempre a responsabilidade fiscal, uma âncora fiscal, como meio de se alcançar o social.
Entre as propostas, estão a que pretende zerar a fila de vagas em creches e escolas para crianças, de dar R$ 5 mil aos estudantes que concluírem o Ensino Médio, o ajuste na tabela SUS e sancionar lei que iguale salários entre homens e mulheres que desempenham, com currículo equivalente, as mesmas funções.
— Quero um Brasil com reformas estruturais, com respeito ao agronegócio e ao meio ambiente, colocando comida mais barata no prato do cidadão — completou.
A senadora ainda declarou que estará, nas ruas, durante o segundo turno:
— Até 30 de outubro, eu estarei na rua, vigilante. Meu grito será pela defesa da democracia e da justiça social. Minhas preces, por uma campanha de paz — disse.
Almoço entre Lula e Tebet
Antes do pronunciamento de Simone Tebet, ela entregou a Lula um rol de propostas e projetos nas áreas de educação, saúde e direitos da mulher durante o almoço na casa de Marta Suplicy.
— Ela apresentou ao presidente rol de propostas e projetos que gostaria de incorporar ao programa de governo — declarou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, sobre o encontro.
O encontro público entre Lula e Tebet ficará para quinta-feira (6), de acordo com Gleisi.
— Estamos acertando a agenda, que está apertada — revelou a líder do PT.
Gleisi negou que Tebet e Lula tenham discutido participação em um eventual novo governo petista. Nos bastidores, a senadora é cotada para assumir um ministério, como o da Agricultura, em caso de eleição de Lula.
Na manhã desta quarta-feira, o MDB liberou seus diretórios estaduais e filiados a apoiarem Lula ou Bolsonaro. O governador reeleito do Distriro Federal, Ibaneis Rocha, anunciou, mais cedo, que apoiaria o atual presidente na disputa e afirmou que Tebet estaria isolada, caso optasse por Lula.