Com discursos de combate ao governo Jair Bolsonaro e desfalcado da presença do próprio candidato a governador, o PSOL confirmou nesse domingo (24) o nome de Pedro Ruas ao Piratini. Diagnosticado na sexta-feira com H1N1, Ruas participou do evento por videoconferência.
O evento reuniu filiados e militantes do partido no Centro de Eventos Barro Cassal, na Capital. Além da candidatura de Ruas, foram homologados a de Neiva Lazzarotto como vice e a de Roberto Robaina ao Senado. Os três são filiados ao PSOL, mas a aliança abarca ainda a Rede e a Unidade Popular (UP).
Ruas começou a apresentar sintomas gripais ainda na quinta-feira, fez testes e recebeu o resultado positivo para H1N1 no dia seguinte. Ainda em recuperação, fez um discurso curto. Por um problema de áudio, o candidato não conseguiu ouvir a plateia durante os 15 minutos do pronunciamento.
- Eu não estou ouvindo vocês, mas sei para quem estou falando, e isso é o mais importante – salientou.
Durante a fala, Ruas enfileirou críticas às gestões de Eduardo Leite (PSDB) no Estado e de Bolsonaro no plano federal. Segundo o candidato, enquanto o Estado deixa de cobrar impostos para as classes mais favorecidas, faltam recursos para investimentos sociais.
- Vocês acham justo que nesse Estado hajam R$ 10,7 bilhões de isenções fiscais para ricos, enquanto não tem dinheiro para educação, para saúde? Não pagavam salário até pouco tempo – destacou, para em seguida cobrar políticas públicas para habitação.
- Não tem um único projeto para moradia. Só tem um projeto que funciona para moradia popular que é a ocupação. Se morar é um privilégio, a ocupação é um direito.
Ex-deputado estadual e vereador em sexto mandato na Capital, Ruas tem 66 anos. Emocionado e dizendo-se orgulhoso por representar o PSOL na disputa ao governo do Estado, ele salientou que o partido “não é de compor governo, mas de fazer lutas”. Na sequência, disse abrir mão do apoio de partidos de esquerda que participaram da atual gestão estadual, citando nominalmente o PSB.
- Não temos obrigação de ganhar as eleições, mas temos a obrigação de fazer o melhor pano de governo e fazer a melhor campanha – afirmou.
Postulante ao Senado, Robaina foi o próximo a discursar, centrando críticas no governo federal. Também vereador na Capital, Robaina destacou o avanço da fome no país. Ao citar a existência de 125 milhões de pessoas vivendo atualmente em condição de insegurança alimentar, atacou o vice-presidente e também candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos).
- No Estado que ele quer ser governador, tem 1 milhão de pessoas que não comem. Quase 10% da população vivem numa situação de miséria extrema – disse Robaina.
Tanto Robaina quanto Luciana Genro salientaram o apoio do PSOL à candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista, porém, não passou incólume na sucessão de discursos. Em vários momentos, ele foi citado como a liderança política com mais condições de derrotar Bolsonaro, mas incapaz de implementar as pautas da esquerda, como revogação das reformas trabalhista e previdenciária.
- Lula não faltará à burguesia – alertou Neiva Lazzarotto.
Para reforçar a segurança, a direção do PSOL instalou um detector de metais na entrada, mas a convenção ocorreu em clima de total cordialidade. Com o salão lotado e repleto de bandeiras e cartazes, os apoiadores aplaudiam e entoavam palavras de ordem. Além dos nomes às eleições majoritárias, a convenção confirmou 36 candidaturas a deputado estadual (32 do PSOL e quatro da Rede) e 32 a deputado federal (30 do PSOL e duas da Rede).