Principais antagonistas da eleição presidencial, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terão três palanques cada um no Rio Grande do Sul. Enquanto Bolsonaro disputa a reeleição com o apoio de Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL) e Roberto Argenta (PSC), Lula tem como aliados Beto Albuquerque (PSB), Edegar Pretto (PT) e Pedro Ruas (PSOL). A unificação de forças em torno de um mesmo candidato à Presidência, porém, não reflete sintonia perfeita entre seus respectivos postulantes ao governo do Estado. Há rusgas à direita, entre Heinze e Onyx, e à esquerda, entre Beto e Pretto.
As desavenças são mais ásperas entre os apoiadores de Bolsonaro. Desde o ano passado, o PP reclama de um suposto assédio de Onyx sobre membros do partido, principalmente sobre a família Covatti, cuja matriarca, a deputada Silvana Covatti chegou a ser cotada para ocupar o posto de vice-governadora na chapa do PL. Resistindo a pressões internas e externas, Heinze unificou o partido e antecipou o lançamento da candidatura, com uma convenção em agosto do ano passado. O senador também é o único entre os 11 pré-candidatos ao Piratini a ter a nominata completa para eleição majoritária, com nomes definidos para vice e ao Senado.
Ainda assim, nos últimos dias circulou um manifesto assinado por 18 movimentos de direita, pedindo que Heinze renuncie à candidatura. Em duas páginas, o texto pede o fim da divisão, sob a falsa alegação de que Bolsonaro teria escolhido Onyx como seu único representante na disputa pelo governo do Estado. “O senador precisa manter sua honra gaúcha e entender que nosso Comandante Maior nos enviou Onyx Lorenzoni para Governador”, afirma o texto, subscrito por entidades como Mulheres de Direita de Gramado, Bolsonaristas da Serra e Mantenedores da União de Portão.
— Temos convicção de que a reeleição de Bolsonaro é fundamental para o Brasil e quanto mais palanques ele tiver no Estado, melhor. Não há nenhum movimento ostensivo nosso, nem de enfrentamento com o PP. Vamos apresentar nosso programa, nossas ideias, e cabe ao eleitor a decisão soberana de escolha — afirma o deputado Rodrigo Lorenzoni, filho de Onyx e membro da executiva estadual do PL.
Na esquerda, mágoas de eleições passadas ainda geram desconfianças. Aliados históricos, os partidos romperam em 2014, ao final do governo Tarso Genro. À época, o PSB mantinha várias secretárias e o vice-governador, Beto Grill, mas decidiu aliar-se ao principal adversário do PT no Estado, o MDB do então candidato José Ivo Sartori. Desde então, nunca mais as legendas se uniram numa eleição.
Este ano, a coligação nacional que fez de Geraldo Alckmin vice de Lula impôs uma reaproximação das legendas em território gaúcho. Todavia, diversas reuniões e tampouco o pedido de Lula por um acerto local foram suficientes para selar um entendimento. Com os dois partidos dispostos a manter as candidaturas, há agora um incômodo silente sobre a presença do petista nos dois palanques.
No PT, ninguém esconde o desconforto com a ausência de Beto na visita de Lula a Porto Alegre, em junho. A descortesia foi considerada ainda mais grave diante da presença de Alckmin na cidade, nas primeiras agendas públicas da chapa na pré-campanha. Não bastasse ignorar o colega de partido, Beto em seguida ofereceu seu palanque a Ciro Gomes (PDT) em troca de uma aliança com os trabalhistas, irritando a cúpula petista e a do próprio PSB.
Semanas mais tarde, Beto obteve autorização do partido para abrir o palanque a Ciro, mas até hoje as conversas com o PDT não avançaram. Nos bastidores, dirigentes envolvidos nas negociações admitem que há má vontade de ambos os lados: assim como o PT não aceita a presença de Lula no palanque de Beto, tampouco o socialista estaria trabalhando para recebê-lo. Procurado por GZH, o presidente estadual do PT, Paulo Pimenta, diz que não tem nada a falar sobre o assunto. Já o presidente do PSB, Mário Bruck, assegura não haver qualquer problema em abrir palanque a Lula.
— Fazemos parte da coligação nacional e o PSB indicou Alckmin como vice de Lula, então não tem como não termos a chapa no nosso palanque. Não há nenhum constrangimento. Se fecharmos alianças locais até podemos receber outro presidenciável, mas nosso palanque principal é Lula-Alckmin. Se o PT quiser vetar a presença de Lula, será um gesto equivocado e inclusive prejudicial ao ex-presidente — afirma Bruck.
Alheios a disputa entre seus pares, Roberto Argenta e Pedro Ruas fazem questão de estar ao lado, respectivamente, de Bolsonaro e de Lula. Nesse caso, são os presidenciáveis que devem evitar gestos de aproximação para não melindrar ainda mais os principais aliados no Estado.
No centro, é o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) que está disposto a dividir o palanque. Após fechar aliança com o União Brasil, o tucano assegurou apoio a Luciano Bivar, presidenciável do partido. Leite também está pronto a receber Simone Tebet (MDB), mas para tanto espera que os emedebistas sepultem a candidatura própria e indiquem Gabriel Souza como seu vice. A definição deve ocorrer até domingo, quando PSDB e MDB realizam suas convenções.
Os palanques dos presidenciáveis no RS
Jair Bolsonaro (PL)
- Luis Carlos Heinze (PP)
- Onyx Lorenzoni (PL)
- Roberto Argenta (PSC)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
- Beto Albuquerque (PSB)
- Edegar Pretto (PT)
- Pedro Ruas (PSOL)
Ciro Gomes (PDT)
- Vieira da Cunha (PDT)
Simone Tebet (MDB)
- Gabriel Souza (MDB)
Luiz Felipe D’Avila (Novo)
- Ricardo Jobim (Novo)
Luciano Bivar (UB)
- Eduardo Leite (PSDB)
Vera Lúcia (PSTU)
- Rejane de Oliveira (PSTU)