Fora da disputa pela prefeitura desde que renunciou à candidatura, na quarta-feira, José Fortunati segue imerso na corrida eleitoral de Porto Alegre. O primeiro dia depois de se retirar da corrida pelo Paço Municipal foi marcado por compromissos políticos, alguns deles potencialmente decisivos para os rumos da eleição.
Depois de levantar, por volta das 6h, e tomar café da manhã com a esposa, Regina Becker —no desjejum, os dois seguem uma dieta rígida, que inclui suco de frutas e “ração humana”, além de nozes e castanhas — deixou o apartamento onde moram, no Centro Histórico, para se encontrar com a coordenação de campanha. Somente durante a reunião com as lideranças do PTB tomou a decisão de explicitar o apoio a Sebastião Melo (MDB), a quem o partido anunciou adesão na tarde de quarta-feira, após sua renúncia, em um ato festivo.
— O baque foi muito grande. Mexeu muito comigo, do ponto de vista emocional. Ontem (quarta-feira, 11), eu não tinha cabeça para pensar o que fazer. Hoje, conversando com a direção do partido e levando em consideração minha relação com o Melo, decidi abrir meu voto — conta o ex-prefeito, que governou a Capital em parceria com o emedebista entre 2013 e 2016.
Após a reunião, seu primeiro ato foi comunicar Melo, com quem havia conversado por telefone na noite anterior, ainda sem ter decidido o que fazer. Em seguida, partiu para a produtora onde gravou seus programas eleitorais — e de onde fez a live da renúncia — para formalizar o apoio. Gravou três vídeos: um para o próprio programa eleitoral, que vai ao ar à noite — como não formalizou a retirada da candidatura, ainda pode usar o tempo de televisão —, outro para o programa do ex-concorrente e um terceiro, mais longo, para que Melo utilizasse nas redes sociais.
Voltou à sede do PTB, onde almoçou uma a la minuta pedida por telentrega e engatou novas reuniões para planejar os próximos dias de campanha, agora como cabo eleitoral dos candidatos a vereador de seu partido. Tinha uma entrevista agendada para o meio da tarde quando ficou sem bateria no celular e voltou para casa para buscar seu carregador — e atendeu à ligação da reportagem.
Se candidato ainda fosse, no mesmo horário, estaria se preparando para o debate da Rádio Gaúcha, previsto para ocorrer à noite, em uma empreitada não menos solitária. Tem por hábito reunir material e estudar sozinho antes desse tipo de evento.
A mudança de rumo impôs um redesenho na agenda, que tratou de manter ocupada. À noite, previa participar de eventos de candidatos à Câmara Municipal. Se depender dele, bem longe do rádio, onde seu nome ainda deve ressoar no último embate entre seus ex-concorrentes antes do primeiro turno.
— Não gosto de ouvir debates em que não participo. Vão falar (meu nome) e eu não vou poder dizer nada, então não adianta — brinca o ex-candidato, com o senso de humor preservado.