Não foram apenas os grandes arrecadadores que conquistaram uma cadeira na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa nestas eleições. Alguns candidatos alcançaram votações expressivas com orçamento bem mais enxuto do que nomes conhecidos da política no Rio Grande do Sul.
Na formação da nova bancada gaúcha na Câmara, Sanderson Federal (PSL) amealhou apenas R$ 88,3 mil para sua campanha e obteve a mesma votação de Jerônimo Goergen (PP), que arrecadou R$ 2,3 milhões. Isso significa que cada voto do deputado reeleito custou R$ 25,88, enquanto para o estreante foi somente R$ 1.
O custo médio dos votos de deputados federais eleitos no RS foi de R$ 9,93. Levantamento de GaúchaZH com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) coletados às 15h desta terça-feira (8) mostra que, a exceção de Onyx Lorenzoni (DEM), todos que arrecadaram mais de R$ 1 milhão tiveram custo por voto superior a R$ 10. Isso significa que os concorrentes mais endinheirados tiveram de gastar, proporcionalmente, mais do que os menos abastados para convencer os gaúchos a confiarem em suas propostas.
— Os candidatos que mais recebem doação são aqueles que estão na política há mais tempo, acumulam mais controvérsias e têm menos apoio espontâneo nas redes sociais. Então, precisam gastar mais para conquistar o eleitorado — avalia Bruno Lima Rocha, cientista político e professor dos cursos de Relações Internacionais e de Jornalismo da Unisinos.
No total, os eleitos para a bancada federal arrecadaram quase R$ 33 milhões, o que representa custo médio superior a R$ 1 milhão por campanha. Dos 31 eleitos, 24 gastaram mais de R$ 500 mil. Entre os mais abonados, os dados do TSE indicam que a maior parte da arrecadação vem do fundo eleitoral e do fundo partidário, e uma fatia menor são doações de pessoas físicas.
— Esta eleição mostra que o financiamento público de campanha gera grandes distorções e precisa ser rediscutido, pois concentra muito dinheiro entre os que já estão no poder, e deixa desamparado quem está de fora – avalia o cientista político Fernando Schüler, professor do Insper, em São Paulo.
Dentre os eleitos para a Assembleia, novamente os votos mais baratos foram obtidos por políticos estreantes. Empurrados pelo movimento em favor da candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Tenente Coronel Zucco e Ruy Irigaray, ambos do PSL, arrecadaram o equivalente a R$ 1,22 e R$ 0,97 por voto. Os menores custos foram de Luiz Marenco (PDT), com R$ 0,37, e Capitão Macedo (PSL), que até o momento não declarou doação alguma para sua campanha — o prazo para candidatos ao Legislativo prestarem essa informação ao TSE é até o dia 6 de novembro.
A média de arrecadação por voto para chegar à Assembleia foi de R$ 5,46 entre os 55 eleitos.
Na ponta dos candidatos com maiores desembolsos por eleitor estão Zilá Breitenbach (PSDB) e Dirceu do Busato (PTB), que tiveram de gastar R$ 21,68 e R$ 17,11, respectivamente.
— Em comum, quem teve votação mais barata já tinha atuação prévia em redes sociais, defendendo algumas ideias e arrebanhando maior número de simpatizantes. Isso gera alta divulgação espontânea — avalia Lima Rocha.