O dinheiro teve peso importante na eleição de deputados para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e para a bancada gaúcha na Câmara dos Deputados. A maioria dos candidatos que lideraram o ranking de arrecadação conseguiu garantir sua vaga nas casas legislativas.
Levantamento de GaúchaZH com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) verificou que, dos 30 postulantes à Assembleia que mais receberam dinheiro para a campanha, 18 foram eleitos — 60%. No caso dos deputados federais, o índice foi maior — foram escolhidos 19 dos 30 maiores arrecadadores — ou seja, 63,33%.
Líder no ranking dos candidatos a deputado estadual com maior quantidade de recursos, Silvana Covatti (PP) levantou quase R$ 1 milhão, obteve cerca de 75,6 mil votos e estará no Palácio Farroupilha no próximo ano. Dirceu Franciscon (PTB), o "Dirceu do Busato", e Tiago Simon (MDB), que foram o segundo e o terceiro que mais arrecadaram, respectivamente, também foram eleitos.
Mas a quarta candidata mais beneficiada por doações, Regina Becker Fortunati (PTB), não obteve uma das 55 vagas na Assembleia. O mesmo aconteceu com outros 11 dentre os líderes em arrecadação que se candidataram a deputado estadual.
— O dinheiro continua sendo importante para a campanha, embora tenha perdido a relevância de eleições anteriores em razão do maior uso das redes sociais — analisa o cientista político Fernando Schüler, professor do Insper, em São Paulo.
O cenário foi semelhante para os aspirantes gaúchos à Câmara. O líder em arrecadação, Giovani Cherini (PR), que era candidato à reeleição, obteve nova vaga. Ele recebeu R$ 2.210.164,10 para a campanha e entrou em terceiro lugar na bancada gaúcha, com cerca de 151,7 mil votos. A maior parte do valor (R$ 2,2 milhões) foi doação do próprio partido.
O caso de Covatti Filho (PP) é semelhante: candidato à reeleição, recebeu quase R$ 1,9 milhão da direção do partido.
— O sistema atual de arrecadação, via financiamento público de campanha, favorece quem já está no poder, concentrando os recursos. Isso amplia a chance de reeleição, e reduz as de quem está de fora — afirma Schüler.
Entretanto, a arrecadação elevada não garantiu a eleição de alguns candidatos a deputado federal pelo Estado. A ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) ficou de fora, mesmo tendo sido a segunda com maior arrecadação (cerca de R$ 2,1 milhões), assim como Renato Molling (PP), que teve o quarto maior orçamento (próximo a R$ 2 milhões) e buscava a reeleição.