O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, reproduziu nesta terça-feira (23) falsa acusação contra o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro (PSL), ao afirmar que o militar teria cometido torturas durante a ditadura. Ele se referiu a uma afirmação feita pelo compositor Geraldo Azevedo num show na Bahia no último fim de semana, criticando Bolsonaro e o vice. O artista pernambucano contou no palco que foi preso duas vezes durante a regime ditatorial, e que Mourão "era um dos torturadores". No entanto, depois de ter sua fala reproduzida por Haddad e de o próprio Mourão ameaçar processá-lo, Azevedo voltou atrás e pediu desculpas pelo equívoco.
— Bolsonaro nunca teve nenhuma importância no Exército. Mas o Mourão foi, ele próprio, torturador. O Geraldo Azevedo falou isso. Ver um ditador como eminência parda de uma figura como Bolsonaro deveria causar temor em todos os brasileiros minimamente comprometido com o Estado Democrático de Direito — disse Haddad em sabatina promovida pelos jornais O Globo e Valor Econômico e a revista Época.
De acordo com sua biografia, Geraldo Azevedo foi preso em 1969 com a esposa durante a ditadura militar, sendo torturado por 41 dias. Mourão ingressou no Exército em 1972, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) onde, em 12 de dezembro de 1975, foi declarado aspirante-a-oficial da Arma de Artilharia. É filho do general de divisão Antonio Hamilton Mourão e Wanda Coronel Martins Mourão (ambos amazonenses). Ingressou no Exército em fevereiro de 1972.
Procurado pelo jornal O Estado de S.Paulo na manhã desta terça-feira, Azevedo negou que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro estivesse entre os militares que o torturaram quando ele foi preso, em 1969 e em 1974.
— É uma coisa tão mentirosa — disse Mourão. —Ele me acusa de tê-lo torturado em 1969. Eu era aluno do Colégio Militar em Porto Alegre e tinha 16 anos — afirmou o general da reserva. — Cabe processo.
Em nota, Azevedo pediu desculpa "pelo transtorno causado pelo equívoco e reafirmou sua opinião de que não há espaço no Brasil de hoje para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e cerceia a liberdade de imprensa".