Em entrevista na noite desta segunda-feira (22) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o candidato à Presidência Fernando Haddad afirmou ter cogitado eventual apoio de seu partido, o PT, a Ciro Gomes (PDT) na corrida ao Palácio do Planalto. A TV Cultura afirmou também ter convidado Jair Bolsonaro (PSL) para uma entrevista, que seria exibida na sequência. De acordo com a emissora, o candidato não manifestou interesse em participar do programa.
O ex-prefeito de São Paulo disse que o suporte ao pedetista, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, poderia ocorrer em caso de "maior aproximação" entre suas legendas.
— Sou muito próximo ao Ciro. Eu era um dos petistas que cogitavam que o PT poderia apoiar Ciro à Presidência da República se houvesse aproximação maior. Os partidos, PT e PDT, estavam muito afastados — relatou Haddad.
— Eu dizia "por que não pensar em uma chapa Lula-Ciro?". Em caso de Lula ser impugnado, o Ciro poderia, quem sabe, assumir a liderança da chapa — completou.
O ex-prefeito de São Paulo ainda defendeu a união de partidos e representantes políticos que não concordam com as ideias de Bolsonaro, seu adversário no segundo turno. Ao citar o nome de Ciro novamente, Haddad comentou que aguarda manifestação dele antes do fim da disputa presidencial:
— Eu esperava e espero que o Ciro dê um alô de onde estiver, porque é muito importante para o Brasil que ele se manifeste publicamente. Aguardo ansiosamente.
Ao longo da entrevista, que durou cerca de uma hora, Haddad enfileirou críticas a Bolsonaro. No começo programa, definiu o candidato do PSL como uma pessoa que "cultua a tortura", que "não perde a oportunidade de ofender mulher" e que ataca grupos minoritários, como quilombolas.
— O que temos de fazer durante uma campanha é alertar. O Bolsonaro não tem cultura democrática. Isso está provado em centenas de vídeos — declarou o ex-prefeito de São Paulo.
Em mais de uma ocasião, Haddad defendeu propostas da sua coligação para o segundo turno, como a reforma bancária, a revogação da emenda constitucional do teto de gastos e a reforma tributária. Ao falar sobre a relação com o PT, Haddad sublinhou que não iria negar seu histórico partidário, mas reconheceu que a sigla teve erros no poder. Questionado se integrantes da legenda cometeram crimes, respondeu:
— Houve crime? Na minha opinião, provavelmente, sim — mencionou Haddad, que ainda pediu punição a quem cometeu crimes de caixa 2, em referência também às denúncias da Folha de S. Paulo de irregularidades na campanha de Bolsonaro.