Candidato à Presidência mais votado no primeiro turno, com 46,03% dos votos válidos, Jair Bolsonaro (PSL) foi entrevistado ao vivo pelo SBT na noite desta terça-feira (16). Ao receber o jornalista Carlos Nascimento em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio, o capitão reformado do Exército projetou alguns das principais ações em seu mandato caso vença Fernando Haddad (PT) na votação do próximo dia 28.
Indagado se aumentaria impostos dos mais ricos, Bolsonaro negou que vá elevar os tributos.
— Está todo mundo sufocado no Brasil. Não dá para aumentar impostos (de ninguém). Se aumentar, o capital vai fugir. Na França, o capital foi para a Rússia — declarou.
Indicações para o STF
Sem citar nomes, o deputado federal comentou que pretende nomear um ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF) com o perfil do juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, que ganhou notoriedade por atuar na linha de frente da Operação Lava-Jato e pedir a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda no campo das nomeações, o presidenciável confirmou três nomes para ocupar os cerca de 15 ministérios de seu governo: o economista Paulo Guedes para a Fazenda, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Casa Civil e o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira para a Defesa. Prometeu ainda outras nomeações com potencial para "surpreender positivamente" a sociedade.
Ao defender a participação de militares na sua equipe por critério de competência, sinalizou que o astronauta Marcos Pontes — que é tenente-coronel da Força Área Brasileira (FAB) —poderá comandar a pasta de Ciência e Tecnologia por "afinidade" com a pasta.
Mudanças no Código Penal
Bolsonaro também indicou que pretende induzir mudanças no Código Penal — incluindo o que chama de "excludente de ilicitude" em defesa da vida ou do patrimônio da pessoa e de terceiros — para ampliar a esfera de influência do governo federal na segurança pública (hoje os Estados têm mais atribuições no combate do crime organizado). E prometeu ações para combater o crime organizado.
— Sem dinheiro, ninguém faz nada. É preciso inteligência para seguir o rastro do dinheiro para sufocar o crime organizado — disse o candidato.
Mais uma vez, defendeu o direito dos agentes das leis e dos cidadãos de reagir aos criminosos. Disse que, antes da liberdade de "matar", o policial precisa "não morrer":
— O policial não pode esperar o bandido atirar para só então reagir, assim como qualquer pessoa.
Bolsonaro também saiu em defesa do general Hamilton Mourão (PRTB), vice de sua chapa, que recentemente deu declarações polêmicas sobre o 13º salário, classificando-o como uma jabuticaba trabalhista do Brasil.
— Mourão é um patriota, ele respira o Brasil. O que levou a essas declarações foi um excesso de parte de imprensa. Em nenhum momento ele falou em acabar com o 13, ele falou que a estrutura remuneratória era uma jabuticaba — declarou.
Reforma da Previdência
Outro polêmico abordado foi a Previdência. Segundo Bolsonaro, qualquer reforma liderada pela sua base aliada não vai retirar direitos dos trabalhadores.
Em 10 minutos de entrevista, Bolsonaro também falou sobre seu plano de privatizações. Segundo ele, apenas o que "for estratégico" para o Brasil continuará sob controle estatal, mas não detalhou as empresas seriam vendidas.
_ Não sou estatizante, mas teremos (política de) privatização com responsabilidade.
De acordo com a emissora, Fernando Haddad será entrevistado pelo programa SBT Brasil nesta quarta-feira (17), a partir das 19h10min.