Deputada estadual mais votada da história do Brasil, a advogada Janaina Paschoal (PSL) disse, nesta segunda-feira (15), que não assumirá nenhum ministério caso seu correligionário Jair Bolsonaro vença a disputa pela Presidência da República. Como motivo, além de alegar impedimento para morar em Brasília — mesma justificativa dada quando negou convite para ser vice na chapa de Bolsonaro —, disse ter compromisso com seus eleitores.
— Com a eleição para o cargo de deputada estadual, essa ascensão a ministra fica completamente inviabilizada, porque eu me comprometi com o Estado (de São Paulo). Entendo que nem posso aceitar — afirmou Janaina, que somou mais de dois milhões de votos nas eleições.
Com experiência em direito penal e constitucional e professora na área há 20 anos, a recém-eleita deputada disse que acredita ter conhecimento para atuar nos ministérios da Justiça e da Segurança, mas como "alguém de confiança", não como titular.
— Se o presidente, que eu espero que seja o Bolsonaro, precisar da minha opinião para qualquer medida, da minha análise para qualquer assunto, poderá contar comigo 25 horas por dia — declarou ela.
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Conhecida nacionalmente por ser uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), a advogada acredita que sua atuação no caso foi responsável "totalmente" pela sua eleição a deputada.
— Vejo a votação como um referendo ao processo de impeachment — afirmou Janaina. —As pessoas deixaram muito claro pelo que estavam votando em mim — completou.
Janaina ainda saiu em defesa de Bolsonaro e rechaçou as críticas em relação ao autoritarismo e até mesmo fascismo atribuídos ao candidato. Disse que não concorda com as falas pró-ditadura do capitão, por exemplo, com relação ao golpe militar de 1964, e que o PT traz mais riscos à democracia:
— Acho muito esquisito que as pessoas se incomodem com essas falas dele, com relação a ditaduras do passado, e não se incomodam com falas de (Fernando) Haddad, de Lula, de Gleisi (Hoffmann) e todos os companheiros sobre, por exemplo, a ditadura na Venezuela. Eu me incomodo com as duas situações. Entretanto, quero trabalhar para que no Brasil essas situações não se repitam. O Bolsonaro já garantiu que vai cumprir a Constituição. O PT não cumpre, porque eles querem instalar uma Venezuela aqui.
Por fim, a advogada diz que não vê um possível governo Bolsonaro como ruim para as mulheres nem para outras minorias. Entretanto, ponderou que não pode garantir o que seu correligionário fará caso assuma a Presidência e que fala como qualquer eleitor que escolheu um dos dois candidatos do segundo turno:
— Nós temos duas opções. Eu sei o que é uma delas, eu não sei como é a outra. Não vou apostar naquilo que é ruim. Simples assim o raciocínio. Eu não sou da equipe dele direta, não estou convivendo com ele diretamente, não integrarei o governo dele. Ficarei como uma fiscal como sempre fiquei, mesmo quando não tinha cargo — finalizou Janaina Paschoal.