Último entrevistado da série do Gaúcha Atualidade com os candidatos ao governo do Estado, Miguel Rossetto (PT) defendeu, nesta terça-feira (18), que o caminho para o Rio Grande do Sul sair da atual crise financeira passa pela retomada do crescimento econômico, por meio de investimentos da iniciativa privada, do governo federal e de financiamentos internacionais.
Rossetto argumentou que o caminho de ajuste fiscal do atual governo aprofunda a crise financeira, citando o fato de que o orçamento para 2019 – feito pela atual gestão –mantém a perspectiva de déficit bilionário. Sobre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que o governo de José Ivo Sartori busca assinar, Rossetto apontou que uma das cláusulas do contrato com a União impede que o Estado amplie o efetivo de servidores, inclusive na área da segurança pública, pelos próximos anos.
O petista também admitiu que sabe das dificuldades financeiras do Rio Grande do Sul, mas disse que é possível pagar os salários dos servidores em dia.
— Existe dinheiro e eu vou priorizar. Já fiz a minha opção, vou pagar salário em dia. O Sartori e o (Eduardo) Leite, que querem continuar com essa política, estão destruindo a escola pública. Quem paga esse ajuste, essa política cruel, é a juventude: 85% da juventude gaúcha estão na escola pública. Quem defende esse ajuste não tem filho em escola pública, não vai no posto de saúde de manhã pegar uma ficha, é quem mora em condomínio e tem guarda privada. Temos que inverter essa situação. Vamos encontrar grandes dificuldades, não tenho dúvida disso. Eu tenho experiência de governar um Estado em crise. Foi assim em 1998 — apontou.
O candidato ainda cobrou que o governo seja mais ativo na defesa dos interesses do Estado junto ao governo federal. Rossetto destacou que o Rio Grande do Sul tem uma decisão judicial em favor dos ressarcimentos vinculados à Lei Kandir, mas que isso depende de uma mobilização na busca pelos recursos.
— Temos hoje uma decisão judicial do STF favorável ao Rio Grande do Sul em relação ao ressarcimento da Lei Kandir. E o que o atual governador faz? Absolutamente nada. Essa postura omissa ou submissa não vamos ter. Vamos a Brasília disputar uma agenda positiva.
Sobre rodovias, o candidato defendeu mais investimentos em manutenção, indicando que pretende concluir as duplicações da RS-118 e da RS-122. A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), segundo o candidato, deve ser mantida, com melhorias de gestão.
Rossetto também defendeu o legado de renegociação dos juros da dívida do Estado com a União, argumentando que se tratou de uma mobilização dos governos Dilma Rousseff e Tarso Genro. No entendimento dele, o atual governo trabalha com uma “meia verdade” ao se referir a este tema.