Pela primeira vez, os concorrentes estão experimentando a possibilidade de impulsionar postagens mediante pagamento ao Facebook durante uma campanha eleitoral. Entre os presidenciáveis, João Amoêdo (Novo) é quem tem o melhor desempenho em interações nessa rede graças ao recurso. Conquistou o posto mesmo tendo menos da metade do número de seguidores de Jair Bolsonaro (PSL), segundo colocado no ranking das páginas mais bem engajadas – Amoêdo tem 2,3 milhões de seguidores, enquanto o capitão da reserva reúne 5,9 milhões.
O bom desempenho de Amôedo, que contraria suas colocações nas pesquisas de intenção de voto, está relacionado ao investimento feito no Facebook já na pré-campanha. Ao aplicar dinheiro na rede, elevou suas chances de ter maior carga de interações.
– É uma candidatura pequena que cresceu nos últimos dias. Muitos dos impulsionamentos dos posts tiveram seu direcionamento para São Paulo. Amoêdo disputa um voto mais tucano, de um eleitor que passou a ser crítico dos integrantes do PSDB. Muito desse eleitorado busca no Amoêdo um tucano 2.0 – avalia o professor Fábio Malini, do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) vêm logo atrás do candidato do Novo quanto ao engajamento no Facebook. Para ambos, o desempenho chega sem a necessidade de pagar por impulsionamento, mas por meio da ação de militantes e simpatizantes consolidados, que usam os canais para exaltá-los.
– São dois grupos com características de ter um ecossistema forte, que operam para elogiar o candidato: quando se publica alguma coisa, imediatamente as contas republicam. O bolsonarismo e o lulismo estão agendando a internet e fazendo com que a imprensa também fale disso. O PSDB, por outro lado, meio que perdeu o bonde da história do ponto de vista da internet e isso tem impacto eleitoral. Geraldo Alckmin não reuniu esse ecossistema, o partido Novo começou a construí-lo no final do ano passado – aponta Malini.
Correndo por fora da bolha entre direita e esquerda, Ciro Gomes (PDT), que também investe pesado no impulsionamento de posts, possui um dos melhores índices de crescimento no Facebook e no Instagram no último mês.
– Ele tem conseguido pegar o centro. Está indo bem. Ao contrário de 2014, qualquer coisa que pareça fake terá dificuldade de convencimento – avalia Ruediger.
Patrocínios e vídeos ao vivo elevam alcance
O Facebook, com 127 milhões de usuários mensais no país no primeiro trimestre de 2018, é o espaço onde tudo acontece. A avaliação é do professor Fábio Malini, do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Quem investe mais dinheiro, conquista mais atenção e alcance. Isso ajuda a explicar a performance de João Amoêdo (Novo). Segundo a Biblioteca de Anúncios do Facebook, até quinta-feira à tarde, ele havia pago para impulsionar 88 publicações. Mas não significa, diz Malini, que o sucesso do candidato seja artificial:
– Se tem gente dando curtida, está acenando que ele pode ser um candidato com potencial.
Por outro lado, as páginas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), logo atrás de Amoêdo quanto ao engajamento, ainda não usaram o serviço, e têm o mérito de conquistar seguidores de forma orgânica (voluntária).
– Bolsonaro é disparado quem tem o melhor desempenho orgânico. É uma turma engajada, que acredita no que ele fala. O conteúdo é tosco e amador. Talvez, isso garanta a ele uma impressão de vida real – diz Moriael Paiva, vice-presidente digital da Ideia Big Data.
Antes de sofrer atentado, Bolsonaro fazia muitas transmissões ao vivo e, com isso, diz Malini, também ampliou o alcance. O Facebook privilegia quem usa o serviço para ganhar fôlego na concorrência com o Youtube. Ao candidato, há várias vantagens. A cada entrada ao vivo, são disparadas notificações, o que provoca engajamento.
Mateus Bandeira (Novo), melhor colocado em interações entre os aspirantes ao Palácio Piratini, faz transmissões durante o horário eleitoral da TV, no qual tem apenas seis segundos, e chega a ter entre 12 mil e 15 mil visualizações em vídeos de 40 minutos.
Geraldo Alckmin (PSDB) tem um dos menores totais de interação entre os presidenciáveis, ficando atrás de Cabo Daciolo (Patriota), que na última pesquisa Ibope teve só 1% das intenções de voto. No Estado, o desempenho tucano melhora. Eduardo Leite, em número de interação (138 mil), só perde para Bandeira (140 mil).