O temor de reações extremadas durante atos de campanha levou a equipe de Jair Bolsonaro (PSL) a ser uma das primeiras a pedir segurança da Polícia Federal (PF), ação prevista em lei para candidatos à Presidência. Além dos agentes, um grupo particular contratado pelo deputado também acompanha seus eventos. Ainda assim, quebras de protocolo são comuns em agendas com sua participação. É comum vê-lo ser levado nos braços até o meio de apoiadores, como no momento do atentado desta quinta-feira (6), situação vista com reservas por especialistas.
Cabe à assessoria de cada candidato entregar à PF antecipadamente o roteiro das agendas a ser realizado. A partir desses dados, servidores da área de inteligência da instituição traçam estratégias para evitar surpresas. A análise define como e quantos agentes serão empregados, se eles atuarão fardados ou à paisana e até os locais em que o candidato deve permanecer para ficar menos exposto. As recomendações são repassadas à equipe, que não é obrigada a acatá-la.
— O policial indica o que é o correto, mas é muito difícil trabalhar em uma campanha, porque o candidato quer sempre ir até o público — relata uma fonte da Polícia Federal.
Cada equipe que atua com candidatos conta com cerca de 20 agentes federais, que se revezam na operação de segurança. São profissionais treinados para atuação em grandes eventos e na proteção de figuras públicas. Ao governo, cabe apenas a liberação dos servidores. As despesas de deslocamento, diárias e refeições são pagas pelos partidos. Carros blindados também são oferecidos, mas raramente usados.
A investigação da PF para apurar as circunstâncias do ataque foi iniciada imediatamente. A direção do órgão enviou à cidade mineira de Juiz de Fora, local do atentado, mais uma equipe de inteligência para agilizar as apurações.
Após o fato, a Polícia Militar mineira, responsável pela segurança do público de eventos políticos, negou qualquer falha em sua atuação, além de destacar que prestou assistência aos agentes federais para prender o responsável pelo crime.
De acordo com assessores do candidato, ele foi orientado a não fazer o trajeto a pé, mas acabou decidindo caminhar entre os apoiadores.
— Um sistema de segurança e proteção limita algumas situações. Às vezes, até dar a mão aos apoiadores deve ser evitado — comenta o advogado especialista em direito eleitoral Luciano Caparroz.
Filho do deputado, Flávio Bolsonaro relatou que o pai não usava colete à prova de balas no evento em Minas Gerais. No entanto, pontuou que a campanha "já avaliava que este tipo de violência poderia acontecer". Ainda assim, apoiadores comentam que o candidato relutava em utilizar o equipamento de segurança nos atos públicos.
— Ele não costuma usar o colete. Quando veio na Expointer, foi para o meio das pessoas. Ele gosta disso — relata o deputado federal Onix Lorenzoni (DEM-RS), principal apoiador do capitão no Estado.
Michel Temer pediu ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, reforço da PF na segurança dos presidenciáveis. Na conversa realizada no Palácio do Planalto, o presidente ainda solicitou a "apuração rigorosa dos fatos".
*Colaborou Silvana Pires