Marina Silva, candidata da Rede à Presidência da República, justificou, em sabatina no Jornal Nacional desta quinta-feira (30), alianças de seu partido com integrantes de legendas investigadas em casos de corrupção. No entendimento da postulante ao Executivo nacional, todas as siglas "têm pessoas boas":
— Pessoas boas existem em todos os partidos. Se olhar para os partidos, é difícil qualquer diálogo político. Tem que olhar o caso das pessoas.
Para seguir justificando as alianças da Rede com partidos que já foram criticados por ela, Marina citou como exemplo o candidato do PSDB ao governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas. Segundo a presidenciável, "não pesa absolutamente nada" sobre Leite. Em seguida, ela tentou continuar tecendo elogios ao tucano, mas o apresentador William Bonner disse que ela estava "particularizando" o caso.
Apoio a Aécio
Marina foi questionada sobre sua aliança com o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais de 2014. Derrotada no primeiro turno, ela declarou apoio ao tucano na disputa contra a então presidente Dilma Rousseff (PT). Hoje, Aécio é réu no âmbito da Lava-Jato e um dos principais atingidos pela delação de executivos da JBS, que estremeceu o governo Temer. A candidata da Rede fez uma ponderação sobre a união com Aécio:
— Hoje, com as informações que vieram pela Lava-Jato, não teria declarado meu apoio a Aécio Neves.
Eduardo Campos
Os apresentadores do JN também questionaram se Marina desconfiava dos esquemas ilegais atribuídos ao seu colega de chapa em 2014, Eduardo Campos (PSB). A postulante ao comando do Planalto citou o acidente que tirou a vida de Campos naquele ano, um dia após entrevista na bancada do JN.
— Há quatro anos, Campos estava sendo entrevistado por vocês. Logo depois, morreu em uma tragédia. A Justiça está investigando. Como está morto, não pode se defender. Eu não tenho compromisso com o erro. Hoje, estou muito bem calçada. Eu fui a única candidata a ir até a Transparência Internacional, e eles produziram mais de 70 propostas para combater a corrupção.
Candidata do diálogo
Em diversos momentos da sabatina, Marina se apresentava como a candidata do diálogo. No entanto, os apresentadores perguntaram sobre a dificuldade enfrentada por ela em termos de liderança, citando os problemas na criação da Rede e a saída em massa de políticos, insatisfeitos com posicionamentos da legenda. Marina afirmou que a Rede não fez inimigos com as dissidências:
— Nós vamos governar um país dialogando inclusive com essas pessoas que saíram. E duvido, se eu ganhar a República Federativa do Brasil, que essas pessoas vão sabotar o meu governo.
Agronegócio
A presidenciável foi confrontada sobre a resistência de setores do agronegócio em relação a pontos de seu plano de governo e posicionamentos na questão do meio-ambiente. Marina afirmou que muitas pessoas da área estão adotando medidas mais conscientes:
— Tem muita gente que trata o agronegócio como se ele fosse homogêneo. Hoje, tem muita gente fazendo o dever de casa.
Aliança com o PV
Ex-integrante do Partido Verde (PV), Marina defendeu sua aliança com Eduardo Jorge, vice em sua chapa nestas eleições. Segundo a candidata, essas alianças após divergências são normais em uma democracia, onde é possível viver com convergências e divergências. Marina também afirmou que quer ser a presidente da "transição":
— Vou ser um governo de transição durante quatro anos e vou governar esse país para combater a corrupção, para ele voltar a crescer.
Marina foi a última dos quatro candidatos sabatinados no JN nesta semana. Os outros foram Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB). O JN informou que escolheu os postulantes conforme as pesquisas eleitorais. Lula, candidato do PT, não foi convidado, pois a entrevista tem de ser presencial, e decisões judiciais recentes impedem o ex-presidente de sair da prisão. Lula cumpre pena de 12 anos e um mês em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.