O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou, em entrevista no Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira (27), que vai ajudar a tirar o nome do brasileiro endividado do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). A afirmação ficou famosa após o presidenciável proferi-la em debate eleitoral.
— Vou repetir aqui: Vou ajudar a tirar seu nome do SPC. Por quê? Porque eu estudei o assunto, faz um ano, com especialista.
Em seguida, ele explicou a metodologia para honrar sua proposta:
— A dívida média de R$ 4 mil, com desconto que, no leilão do Serasa, que já está acontecendo, cai para R$ 1,2 mil. Se eu faço um refinanciamento, tirando o juro de 500% que hoje eles são humilhados, para 10%, 12%, o banco ganha dinheiro, eu refinancio isso em três vezes. A prestação cai de R$ 40 por mês.
William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, disse a Ciro que resumir essa questão em apenas uma frase seria simples. Então, o candidato do PDT entregou uma cartilha ao apresentador, afirmando que o material explica sua proposta.
Ciro também foi confrontado em relação à sua confiança no presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Antes de Ciro começar a falar, Bonner citou investigações, denúncias e inquéritos contra Lupi, questionando se não seria uma incoerência esse apoio comparado ao discurso anticorrupção de Ciro. O ex-ministro manteve sua posição:
— Se eu for eleito, Carlos Lupi terá o cargo que ele quiser porque ele é um homem de bem.
— Tem a minha confiança cega. Absolutamente cega — complementou Ciro em relação ao presidente do PDT.
Bonner afirmou que Lupi era réu, o que Ciro negou durante a entrevista. Entretanto, o ex-ministro e atual presidente do PDT é réu por improbidade administrativa na 6ª Vara Federal de Brasília, em uma ação civil aberta em 2012. Ao final do programa, William Bonner leu o número do processo. No final da noite, Carlos Lupi usou o perfil de Ciro no Twitter para dizer que não tem condenação na Justiça.
Vice
Ciro também aproveitou o espaço no Jornal Nacional para elogiar sua vice na disputa pelo comando do Planalto, senadora Kátia Abreu (PDT). O presidenciável afirmou que Kátia é "uma mulher extraordinária", "séria e trabalhadora", destacando sua liderança no meio rural.
Os apresentadores elencaram uma série de posições contrárias da senadora em relação a posicionamento da esquerda, como liberação de porte de arma e demarcação de terras indígenas, questionando se isso não poderia prejudicar a suposta ideia de Ciro unir as esquerdas. O candidato negou esse rótulo:
— Nunca me apresentei assim. Sou candidato de um projeto nacional de desenvolvimento que está amadurecido com o que está mais preparado, mais inteligente, mais informado no Brasil e no mundo sobre o Brasil. Passei os três anos consultando essas inteligências.
Segundo Ciro, o projeto de seu governo quer reunir os interesses de "quem produz com os interesses de quem trabalha".
Lula
Ciro disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é "um Satanás, nem Deus ou anjo":
— Conheço Lula há 30 anos. Ele foi um presidente que tive a honra de servir como ministro e foi um presidente que fez muita coisa boa para muita gente do Brasil. (..) O Lula foi um bom presidente e o povo brasileiro sabe disso — disse, salientando que todos os benefícios proporcionados pelo governo Lula foram perdidos de "Dilma para cá".
O candidato também destacou que o povo brasileiro tem de voltar a se unir, encerando disputas intolerantes:
— Nós precisamos encerrar essa luta odienta que está se transformando em violência entre coxinhas e mortadelas. O Brasil não aguenta mais isso. Nossa nação está indo para o brejo. Precisamos fazer tudo que está a nosso alcance, para fazer dessa campanha uma reunião da nação brasileira.
Ciro foi o primeiro dos quatro candidatos ao Planalto que serão sabatinados no Jornal Nacional. Os próximos serão Jair Bolsonaro (PSL), na terça-feira (28), Geraldo Alckmin (PSDB), na quarta (29), e Marina Silva (Rede), na quinta (30). As datas foram sorteadas. O JN informou que escolheu os postulantes conforme as pesquisas eleitorais. Lula, candidato do PT, não foi convidado, pois a entrevista tem de ser presencial, e decisões judiciais recentes impedem o ex-presidente de sair da prisão onde se encontra. Lula cumpre pena de 12 anos e um mês em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.