O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, sabatinado no Jornal Nacional desta quarta-feira (29), disse que os presos não comandam facções criminosas de dentro das casas prisionais em São Paulo. Conforme o tucano, essa afirmação é mentirosa:
— Claro (nego essa realidade), mas é óbvio. Óbvio. Isso aí são coisas que vão sendo repetidas e acabam virando verdade.
Alckmin citou tecnologias empregadas nas políticas de segurança do Estado, como o uso de scanners, e o regime disciplinar diferenciado (RDD), onde o preso fica isolado e com limitações em relação a visitas, para embasar seu argumento. O presidenciável defendeu que São Paulo tem uma política de segurança que é "exemplo" e que será linha dura na área caso eleito:
— Sabe quantos presos temos em São Paulo? Duzentos e vinte e oito mil presos. Temos 22% da população brasileira, 35% da população carcerária. São Paulo prende, cana dura. Eu, sendo presidente da República, vou mudar a Lei de Execução Penal. Acabar com essa saidinha toda hora, endurecer pena, tecnologia, polícia de fronteira.
Reforma política
Ao ser questionado sobre a aliança de sua aliança com o centrão, bloco político que abriga diversos políticos investigados, o tucano afirmou que todos os partidos têm bons quadros, citando o PP, legenda de Ana Amélia Lemos, sua vice na chapa, e aproveitou para afagar mais uma vez a senadora:
— Fui buscar no Progressista, que é um dos partidos que nos apoia, a mais respeitada mulher senadora da República, Ana Amélia. Temos bons quadros em vários partidos e precisamos de maioria para fazer as mudanças que o Brasil precisa.
O tucano voltou a afirmar que pretende ser o "presidente das reformas" e que, na política, será uma de suas prioridades para reduzir o número de partidos. Alckmin disse defender a Lava-Jato e as investigações contra atos de corrupção.
A apresentadora Renata Vasconcellos citou uma entrevista de Alckmin de 2006, na qual ele disse a seguinte frase: "Em política, é importante, diga-me com quem andas e eu direi quem és". Renata questionou se Alckmin repetiria essa frase tendo ao lado o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC). Nesse momento, Alckmin negou ter o apoio do PTC de Collor. Alguns minutos depois a apresentadora fez uma espécie de correção afirmando que o PSDB se aliou ao PTC em Alagoas.
Alckmin disse acreditar na inocência de Laurence Casagrande Lourenço, ex-presidente da Dersa, empresa do governo estadual que atua na construção de rodovias. Lourenço foi preso, suspeito de participar de esquema de corrupção na construção do Rodoanel. O presidenciável também afirmou que as denúncias de recebimento de caixa dois para suas campanhas são mentirosas.
Colegas de partido
O apresentador Willian Bonner perguntou se não era contraditório o PSDB adotar discurso anticorrupção e não excluir de seu quadro políticos como Eduardo Azeredo, condenado e cumprindo pena pelo mensalão tucano, e Aécio Neves, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Lava-Jato. O candidato se esquivou:
— Primeiro, o Aécio não foi condenado. Ele está sendo investigado e vai responder para a Justiça. Nós não passamos a mão na cabeça de ninguém. Quem errou paga pelo erro, quem foi absolvido será absolvido. O Eduardo Azeredo já está afastado da política há muito tempo. Ele vai sair do PSDB, não precisa nem expulsar.
Alckmin foi o terceiro dos quatro candidatos ao Planalto que serão sabatinados no Jornal Nacional. A última será Marina Silva (Rede), na quinta (30). As datas foram sorteadas. O JN informou que escolheu os postulantes conforme as pesquisas eleitorais. Lula, candidato do PT, não foi convidado, pois a entrevista tem de ser presencial, e decisões judiciais recentes impedem o ex-presidente de sair da prisão. Lula cumpre pena de 12 anos e um mês em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.