A candidata à Presidência da República pela Rede, Marina Silva, participou de um ato na Secretaria de Justiça de São Paulo, nesta segunda-feira (27), com jovens da ONG Educafro em defesa das cotas no concurso público. O evento não estava programado. Ela participou mo período da manhã de um encontro na sede da ONG, no centro de São Paulo, onde recebeu o convite de Frei David, líder da Educafro, para ir até o local prestar solidariedade.
A ex-senadora acompanhou por cerca de 20 minutos o discurso do líder da ONG e cumprimentou os sete jovens que estão simbolicamente acorrentados no pátio da secretaria há seis dias.
A reivindicação é pela assinatura da minuta do projeto de lei aprovado em 2015 pela Câmara, que institui cotas para negros, por sistema de pontuação, nos concursos públicos do Estado. Ao final, Marina rezou o Pai Nosso com os jovens e o Frei.
A legislação eleitoral proíbe que candidatos participem de atos sem convite ou peçam votos em prédios públicos. Segundo o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral, o evento da manhã não constitui campanha.
— Enquanto convidada por alguma razão, ok. Não podem pedir votos por ela, nem ela falar de campanha se discursar/agradecer — disse.
A candidata também negou que tenha sido um ato político.
— Não é ato de campanha, vim só dar um abraço. Eu não posso abdicar da minha presença, não posso deixar de ser quem sou — respondeu, após ser questionada por jornalistas.
Ela lembrou dos tempos de protesto ao lado do seringueiro Chico Mendes, quando estavam "numa situação difícil".
— A gente ficava muito querendo que alguma autoridade se solidarizasse.
A candidata não discursou no local, mas o líder da Educafro, Frei David, falou à imprensa. A entidade também divulgou uma carta em que denuncia o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual governador, Márcio França (PSB) de "não priorizarem as pautas da maior população negra do Brasil".
Cotas
Na agenda na sede da ONG, Marina defendeu as cotas e se comprometeu a ampliar o combate à discriminação, com foco na educação.
— Precisamos das cotas para que a gente não fique mais comemorando as exceções. Que a gente comece a comemorar a regra de que os negros estão dentro das universidades, do Congresso e das empresas — disse. Marina se autodeclara negra.
Questionada se haveria cota nos seus ministérios para negros, ela disse que "não há um número", e que os ministros de um eventual governo seriam indicados por alinhamento programático e ética.