Pela primeira vez desde o início da catástrofe climática, o governador Eduardo Leite sobrevoou áreas atingidas pela chuva em Caxias do Sul, ao lado do prefeito Adiló Didomenico. Em uma aeronave do exército, eles passaram pelas regiões de Santa Lúcia do Piaí, Galópolis e Vila Cristina, considerados pontos críticos da cidade, onde diversos deslizamentos destruíram casas e rodovias e oito pessoas morreram.
Na chegada a Caxias, no aeroporto Hugo Cantergiani, Leite visitou o centro de distribuição instalado no local, e na sequência foi à Faculdade Anhanguera, que funciona como terminal logístico e centro de distribuição da Cruz Vermelha. A entidade anunciou, na última quarta-feira (8), que atenderia todo o Estado a partir de Caxias por pelo menos três meses.
Em coletiva de imprensa na Anhanguera, onde observou pavilhões lotados de donativos e voluntários, o governador confirmou a assinatura do decreto que retoma os benefícios fiscais aos itens da cesta básica — a cobrança mais elevada, sem regalias em impostos, havia sido retomada no dia 1º de maio.
— Estou assinando hoje o decreto que estabelece novamente benefícios à cesta básica no Estado, tendo em vista que os encaminhamentos sendo feitos com o Governo Federal, que nos desoneram pelos próximos três anos da dívida com a União, para que a gente possa focar os nossos esforços na reconstrução do Estado. Entendemos que nesse momento é o caso de voltarmos a ter esses benefícios. Vamos ter que encontrar um ponto de equilíbrio. Tudo isso significa a necessidade de ter um equilíbrio entre incentivar setores econômicos com reduções tributárias e trazer benefícios à comunidade e, de outro lado, garantir o equilíbrio fiscal do Estado — anunciou Leite.
Trabalho nas encostas e recuperação do interior
Eduardo Leite conseguiu observar a situação crítica que envolve as encostas nas áreas serranas do Estado. Com os deslizamentos de terra, estradas ficaram destruídas, residências foram condenadas e muitas pessoas estão desabrigadas — só em Galópolis, no sul de Caxias, são 260 famílias fora de casa. A partir de agora, o governo do Estado projeta "soluções complexas" para a situação de áreas de risco próximas à encostas.
— A extensão dos danos é enorme no Estado. Naturalmente, estamos falando de uma dimensão e impacto que vamos ter que olhar para as questões criticas e fazer um plano de trabalho para essas regiões. Observamos Galópolis, outras no interior também com deslizamentos, isso envolve fazer remoção de pessoas em áreas de risco. São residências condenadas, estradas que precisarão ser refeitas. Prefeito já está fazendo um levantamento, encaminhando planos de trabalho, para indicar suas necessidades e vamos estar ao lado do prefeito. Tanto com recursos para que a prefeitura tenha capacidade de investimentos em infraestrutura, com disponibilização também de maquinário e apoio do exército, e com plano habitacional. A extensão dos danos e dos problemas nos faz envolver soluções igualmente complexas — avaliou o governador.
A visita a Caxias dá início a uma "incursão" do governador pelo interior do Estado. Leite pretende visitar todas as localidades para entender a dimensão dos estragos e quais são as demandas de cada região. Além disso, o governador destacou a importância dos aeroportos do interior, como é o caso do Hugo Cantergiani, em Caxias, já que o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, deve ficar fechado pelo menos até setembro.
— Estamos trabalhando para que os aeroportos do interior tenham uma condição ampliada de voos numa malha aérea emergencial. Tive reunião com ministros de Portos e Aeroportos e do Turismo, e queremos ver tudo que possa ser feito para que esses aeroportos tenham melhor aproveitamento, para que a Serra gaúcha não sofra um segundo impacto com a dificuldade do acesso para os turistas. É uma região pronta para receber os turistas de volta na temporada do inverno, e queremos que cheguem com conforto e segurança — finalizou.