O fechamento do Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, está causando transtornos para turistas que estão em Gramado e em outros municípios da Região das Hortênsias. Após a liberação das estradas, os visitantes começaram a fazer o deslocamento de retorno por vias terrestres até os aeroportos de Caxias do Sul e de Florianópolis, em Santa Catarina. Conforme o Sindtur Serra Gaúcha, a taxa de ocupação hoteleira era de 70% no final de semana, pós-feriado do Dia do Trabalhador.
O presidente da entidade, Claudio Souza, explica que muitos visitantes precisaram prolongar a estadia por conta dos bloqueios causados pela chuva. O Sindtur abrange as cidades de Canela, Gramado, São Francisco de Paula e Nova Petrópolis.
— Tivemos um número significativo de hóspedes que precisaram remarcar os voos e ficar mais dias por aqui. No começo da semana, passaram a fazer o deslocamento por estradas para os aeroportos de Caxias e Florianópolis. Nós acreditamos que até o final de semana 90% dos visitantes tenha ido embora — estima Souza.
O hoteleiro observa que 100% das reservas de maio foram canceladas, mas pondera que a preocupação do setor é com a segurança das pessoas.
— Quando soubemos da dimensão dos fatos, colocamos o fluxo turístico em segundo plano. Nossa preocupação é com a vida. Primeiro queremos recuperar as moradias e a autoestima dos cidadãos. Depois, vamos consertar a estrutura viária e, por último, vamos pensar no fluxo turístico. Cada aspecto no seu devido momento. Tenho convicção de que, cuidando das vidas, o Brasil vai nos ajudar a se reestabelecer — afirma.
Com 91 pontos monitorados, mais de 300 desalojados e sete mortes por deslizamentos, Gramado não sofreu danos estruturais na área central, com exceção de dois prédios e uma casa nas ruas Garibaldi e Carlos Nelz, que foram evacuados por prevenção. Nesta manhã, poucos turistas circulavam com tranquilidade pela Avenida Borges de Medeiros, a principal via do Centro. A Rua Coberta também registrou pouco movimento.
— Viemos em família para passear as férias. Pegamos toda essa chuva que, infelizmente, colocou o Estado em calamidade. Nossa viagem de retorno estava marcada para amanhã (quarta-feira). Com Porto Alegre embaixo d’água, nosso voo foi remarcado para Caxias do Sul na semana que vem. Vamos ter que aguardar — conta o comerciante Felipe Abba Nagata, de Ariranha do Ivaí, no Paraná, que viajou com a esposa, Débora Cruz Nagata, e os filhos, Isaque e Manuela.
Já a empresária Andressa Moura, de Varjota, no Ceará, que está em Gramado com o marido Antônio Neto, e o filho, João Henrique, viaja nesta quarta-feira (8) para Florianópolis.
— Nossa volta seria por Porto Alegre. Para voltar, vamos fazer uma rota totalmente diferente. Vamos andar de carro por mais de 500 quilômetros até chegar no aeroporto em Santa Catarina — conta Andressa.
Segundo a empresária, a viagem foi tensa desde a chegada em Porto Alegre na quinta-feira passada (2).
— Foi sufoco. Chegamos na quinta à noite no Aeroporto de Porto Alegre, por volta das 23h. Quando fomos pegar o transfer, recomendaram que a gente não viajasse a noite. Procuramos um hotel, dormimos em Porto Alegre e saímos pela manhã. Se não tivéssemos saído cedo, teríamos ficado em Porto Alegre. Foi questão de horas para começar a alagar.
Apesar do susto, a família conta que ficou segura em Gramado.
— Tínhamos planejado fazer outros passeios, como o Maria Fumaça, que é em Bento Gonçalves, e não deu certo. Muita coisa não deu certo, mas aqui, de certa forma, ficamos tranquilos. Ao mesmo tempo que nos sentimos seguros, ficamos tensos. Estávamos com aquele medo de não saber quando conseguiríamos voltar. Preferimos ficar assim para não correr risco maior — conta Andressa.