Entre os caminhos desejados pelo PDT de Caxias do Sul para as eleições municipais, a opção preferida é apoiar uma eventual candidatura de José Ivo Sartori (MDB) à prefeitura, indicando Alceu Barbosa Velho (PDT) como candidato a vice-prefeito — como uma reedição da dobradinha Sartori-Alceu, que comandou a cidade por seis anos, entre 2005 e 2010. Sem o emedebista na disputa, os pedetistas deverão acompanhar a pré-candidata petista, deputada federal Denise Pessôa, também indicando Alceu à vaga de vice na chapa.
Sartori é, neste momento, nome central da sucessão ao governo municipal caxiense. O MDB aposta suas fichas no ex-prefeito e ex-governador, e a decisão de concorrer é única e exclusivamente dele. Na última semana, o emedebista teve encontros separados na sede do partido com PSB e com PDT, em que ambos declararam apoio a uma eventual candidatura de Sartori diretamente a ele. Alceu, inclusive, falou da vontade de ser vice-prefeito novamente ao lado de José Ivo.
— Manifestei minha vontade quanto à possibilidade de ser vice do Sartori. Se Sartori disser que sim, vida que segue, é a reedição da dobradinha vencedora — disse Alceu, à coluna Mirante, sobre o encontro.
O presidente municipal do PDT, vereador Rafael Bueno, diz que participou do encontro por videoconferência, e que informou ao MDB que a data máxima para a sigla decidir com quem irá se posicionar é 20 de fevereiro. Neste dia, os pedetistas terão uma reunião do partido para tomar uma decisão sobre como irão se posicionar no pleito.
Além disso, Bueno antecipa que haverá uma reunião na próxima semana com "um grupo de partidos e lideranças", na qual o pedetista mantém a esperança de já ter uma "fumaça branca" a respeito da dobradinha Sartori-Alceu — em referência à escolha de um novo Papa, quando uma fumaça branca sai em uma chaminé da Capela Sistina no Vaticano, indicando que o nome do pontífice foi escolhido.
— É a definição daquilo que a gente disse desde o início, que o PDT seria protagonista, que a gente voltaria à prefeitura pela porta da frente. É um momento em que os "finalmentes" estão chegando. Acho que (a decisão de Sartori) não vai chegar em abril, porque em abril o plano de governo tem que estar pronto e formatado. Creio que até, no máximo, semana que vem definições-chave estarão muito bem formatadas e fumaça branca já sairá. O quanto antes teremos uma definição — projetou Bueno.
PT é o plano B
Caso Sartori decida que não irá concorrer, o PDT vai recorrer à frente de partidos da esquerda, encabeçada pelo PT, que indicará o nome da deputada federal Denise Pessôa para ser candidata a prefeita. Bueno diz que esta opção aproximaria o "histórico de luta e ideologia" de petistas e pedetistas, mas que está em segundo plano neste momento.
— Acredito que o Sartori tenha entendido essa pressão política que a cidade está fazendo, assim como lideranças em nível municipal, estadual e até nacional do MDB. Mas em nenhum momento a gente descarta a possibilidade da Denise, sempre deixamos isso bem claro. Sempre fomos muito honestos com ela. A preferência é pelo Sartori, pela questão política e histórica do PDT e MDB, e o nosso segundo momento seria com a Denise, aproximando nosso histórico de luta e a ideologia.
Nestes cenários, o PDT aceita abrir mão da candidatura própria, uma indicação do presidente estadual do partido, Romildo Bolzan Jr., para que fossem "esgotadas todas as possibilidades de ser cabeça de chapa" com o nome de Alceu. O que o PDT descarta, independente dos nomes colocados à mesa, é deixar de indicar o nome do candidato a vice-prefeito.
— Jamais abriríamos mão do vice. Nós estaremos com o Sartori somente se o PDT for vice, caso contrário não estaremos. Isso é ponto fundamental. E o nosso nome, hoje, é o Alceu Barbosa Velho, tanto para o Sartori quanto para a Denise. A não ser que o Alceu não queira ser, aí a gente reúne o diretório e é isso que vamos fazer até o dia 20. Mas esperamos que, primeiro, o Sartori aceite, e, segundo, que ele tenha em mente que o PDT esteja compondo essa chapa, agregando muitos partidos, o que é o natural. Alceu e Sartori agregam muitos partidos e desidratam outras candidaturas já postas.
PDT junto com Adiló "está descartado"
Sem Sartori e Denise, o terceiro e último caminho do PDT deve ser uma candidatura própria, com um nome que seria definido até a reunião do dia 20 de fevereiro. O partido chegou a ser cogitado em uma composição de chapa de reeleição do prefeito Adiló Didomenico (PSDB), mas Bueno descarta.
— Hoje, a Executiva tem o entendimento que, de forma alguma, o PDT estará junto com (Maurício) Scalco (pré-candidato à prefeitura pelo PL) ou Adiló. Isso são questões inviáveis. Mesmo que daqui a pouco o MDB não tenha o Sartori como candidato, e venha na majoritária com o Adiló, está descartado o PDT estar junto com o Adiló no primeiro turno.
A Executiva tem o entendimento que, de forma alguma, o PDT estará junto com Scalco ou Adiló, são questões inviáveis.
RAFAEL BUENO
Vereador e presidente do PDT Caxias
Essa decisão impacta no futuro do vereador Lucas Diel, que está no PDT e é líder do Governo Adiló na Câmara, a contragosto do partido. Como suplente, Diel pode deixar o Legislativo em abril caso Ricardo Daneluz (sem partido), atual secretário de Turismo e titular da cadeira, decida se desincompatibilizar do cargo no Executivo para concorrer a vereador. O pedetista afirma não ter sido comunicado de nada até o momento, e, por enquanto, pretende seguir no PDT.
— Vamos ver os rumos que o partido pretende seguir. Uma coligação com o PT não me agrada. Dentro dos cenários que estão postos até o momento, a melhor alternativa é o Adiló. Não penso em trocar de partido. Mas temos que pensar vários fatores. O PDT terá candidatura própria? Apoiar o PT seria muito prejudicial ao partidos e aos seus candidatos. Não acredito que o PDT apoiaria alguém da extrema direita. Quero conversar com o meu partido — declarou Diel.
A respeito desta situação, o presidente pedetista em Caxias foi claro:
— O Lucas Diel tem a liberdade de fazer suas opções, mas ele tem que se enquadrar nas opções do partido, e não o PDT nas decisões dele. Em nenhum momento, em todo esse processo, o PDT deu aval para ele ser líder de governo. E ele está na Câmara pelo PDT e pelos votos que ele fez na legenda, e não pelo Adiló. Se ele estiver com o PDT e apoiando outros candidatos, punições partidárias serão tomadas. Esperamos que ele se enquadre e acate o que o PDT estiver vislumbrando ali na frente — enfatizou Rafael Bueno.