A indefinição de José Ivo Sartori (MDB) a respeito de uma terceira candidatura à prefeitura segue movimentando os bastidores da política em Caxias do Sul. Na tarde de segunda-feira (29), os emedebistas receberam, na sede do partido, lideranças de PDT e PSB para tratar das eleições, duas siglas que têm preferência por formar chapa ao lado de Sartori. E não são apenas os eventuais aliados que têm interesse em uma definição por parte do ex-prefeito e ex-governador: após o encontro, os pedetistas reuniram-se com PT, com quem também articulam uma possível aliança.
Carlos Búrigo, presidente do MDB em Caxias e deputado estadual, já garantiu em outras ocasiões que Sartori será o candidato à prefeitura, além de enfatizar que os emedebistas serão “protagonistas” no pleito. O sonho da sigla, corroborado por emedebistas em nível estadual, esbarra somente em Sartori: sem falar com a imprensa desde que deixou o governo do Estado em 2019, uma eventual candidatura passa diretamente pela vontade da família, segundo bastidores. Búrigo, entretanto, mantém a expectativa e falou em aproximação após o encontro entre MDB, PDT e PSB.
— Os partidos que já governaram juntos o município vêm se aproximando novamente. Relembramos aquilo que no Governo Sartori e no Governo Alceu (Barbosa Velho, ex-prefeito pelo PDT) a gente fez, políticas sociais, cuidado com os bairros. Deixou um legado. (Na reunião) Se trabalhou de cada partido continuar discutindo com seus filiados sobre as necessidades da cidade. Sartori solicitou que, neste momento, não queria falar sobre o assunto, que ainda é cedo para se posicionar — disse Búrigo à coluna Mirante.
A coligação entre os três partidos é o caminho favorito para o trio — o PDT chegou a falar em plano A. Caso confirmada a aliança, a provável chapa seria encabeçada por José Ivo Sartori, acompanhado de Alceu Barbosa Velho para vice — uma reedição da dupla vencedora das eleições em 2004 e 2008.
Enquanto MDB e PSB mantêm o otimismo e falam em seguir com as negociações sem delimitar prazos, o PDT tem mais pressa: a data limite para uma decisão é 20 de fevereiro, quando o diretório se reúne para decidir o rumo eleitoral. E, por isso, pedetistas estabelecem conversas com o PT para articular um plano B caso, até lá, haja uma negativa ou siga a indefinição de Sartori.
PDT não vai esperar
Para o PDT, caso a aliança com o MDB não aconteça, o caminho será integrar a frente de partidos ligados à esquerda, liderada pelo PT. Os petistas, que terão como cabeça de chapa a deputada federal Denise Pessôa, têm a expectativa de contar com o ex-prefeito Alceu como candidato a vice-prefeito – e essa é a segunda opção dos pedetistas. Segundo o presidente do PDT em Caxias, vereador Rafael Bueno, a sigla já tem todos os caminhos “programados”.
— O PDT tem feito planejamento estratégico desde o ano passado, a gente sabe o caminho que a gente quer ir e o que a gente quer seguir, temos isso muito bem traçado. A não ser que surja um fato muito relevante que mude o percurso. Queremos ter, até dia 20 (de fevereiro), algo concreto com o nosso diretório.
Em 17 de janeiro, Bueno confirmou à reportagem que a preferência do partido é por Sartori, mas que “em nenhum momento descarta a possibilidade da Denise”, o que, segundo ele, é um cenário que sempre foi explicitado ao PT. Por isso, inclusive, que pedetistas e petistas também reuniram-se nesta segunda-feira. A presidente do PT em Caxias, Joceli “Piccola” Veadrigo, diz que o encontro é parte das conversas que o partido tem feito sobre as alianças que estão sendo construídas.
– É uma construção que a gente sempre vai trabalhando e organizando para em breve ter consolidadas as alianças com todas as forças e partidos. Considero muito bom o processo que estamos tendo. A gente não considera primeira ou segunda opção. A gente não trabalha com essa perspectiva. É uma construção de uma grande frente, que é quem vai fazer essa definição. Não é um prazo que temos determinado, mas acredito que nos próximos 60 dias vai acontecer a consolidação de fato (da chapa e das alianças). Pode ser antes, mas não estamos colocando nenhum prazo. O prazo depende de cada partido — disse ela.
Pelo lado do PSB, há entusiasmo
Após a reunião sem definições concretas, o PDT não demonstrou muito otimismo com a confirmação da candidatura de Sartori. À coluna Mirante, a ex-presidente pedetista Cecília Pozza lamentou a falta de posicionamentos mais explícitos:
— Eu falei (na reunião) a leitura que fiz. Que, neste momento, ele (Sartori) não era candidato. Não impede que venha a ser.
Entretanto, se pelo lado do PDT não há entusiasmo, o sentimento sobra por parte do PSB. Após o encontro, o presidente socialista no município, vereador Zé Dambrós, se disse “muito otimista com a vinda do Sartori, pensando no futuro da cidade e distante do ódio”.
— Um degrau a cada vez. Nós estamos definindo algumas coisas, a gente quer ajudar a construir. Não temos que exigir, é esperar por ele (Sartori). Tem que ser construído passo a passo. A expectativa é muito boa, teremos outros passos. Continuo dizendo que ele é unanimidade. Somos muito gratos por tudo aquilo que ele fez no passado. Primeiro, temos que ter a decisão dele, essa construção por ele. Estou muito otimista — disse o parlamentar, que também falou sobre uma eventual decisão negativa do ex-governador:
— Ainda é outro passo, não podemos trabalhar com nada negativo, estamos muito positivos. Estamos muito conscientes e tudo é uma construção, longe do ódio, pensando na cidade. É uma construção pensando no futuro da cidade, e ele (Sartori) é um nome que poderia conduzir muito bem isso. Não precisamos atropelar, estamos ainda em janeiro, tem janela partidária, tantos outros passos.