A Câmara de Caxias do Sul aprovou, na sessão desta quinta-feira (24), a instalação da Frente Parlamentar em Defesa da Implantação da Universidade Federal da Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. Mesmo que a proposta, de autoria da vereadora Rose Frigeri (PT), tenha sido aprovada por unanimidade e defendida por todos os parlamentares, houve debate sobre o papel do governo federal em relação aos investimentos na educação e a possibilidade de garantir a instituição de Ensino Superior na região, uma das poucas no Estado sem uma universidade federal. Agora, os vereadores têm 15 dias para informar a adesão à Frente, mediante ofício. Segundo o regimento interno do Legislativo, não há número mínimo de integrantes.
O requerimento traz um histórico da luta pela implantação da faculdade, que começa pelo movimento de federalização da Universidade de Caxias do Sul (UCS) na década de 1970, e a demanda pela extensão da UFRGS na região, que até hoje não foi concretizada. O objetivo da Frente Parlamentar é mobilizar a comunidade regional em torno da pauta.
“A região Nordeste é pujante economicamente. Busca agora o apoio de toda a comunidade para a criação de uma universidade federal própria, um instrumento efetivo de democratização, indispensável para o acesso da população à cidadania plena”, diz o requerimento.
Na fala, a vereadora Rose Frigeri (PT) reforçou a necessidade de haver uma mobilização regional por este pleito. Segundo a petista, somente com união será possível garantir a construção da universidade do nordeste gaúcho.
– É inadmissível que nossa região não tenha uma universidade federal. Quem cobra, quem se mobiliza, quem vai nos órgãos cobrar e pedir é quem ganha. No nosso gabinete é assim, a gente atende as demandas, não vamos atrás das coisas. Não podemos começar polarizando. É uma luta de todos e precisamos união neste momento. Nós precisamos agora unir esforços de toda a comunidade nesta luta que só terá sucesso se tiver união desde o início – disse Rose, na sessão.
Hoje, a partir das 15h30min, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) estará reunido com o deputado estadual Pepe Vargas (PT) e com a deputada federal Denise Pessôa (PT). O assunto será, principalmente, a mobilização por este pleito. Em entrevista recente ao Pioneiro, o prefeito Adiló se colocou à disposição para ajudar neste assunto.
Unânime, mas com debate
Durante a discussão do pedido, os vereadores ligados à esquerda – como a bancada do PT, Renato Oliveira (PCdoB) e Alberto Meneguzzi (PSB) – defenderam o argumento de que a universidade traz desenvolvimento à região e oportunidade às camadas mais vulneráveis da sociedade. Os petistas, inclusive, ressaltaram números dos governos Lula e Dilma entre 2003 e 2015, sobre construção de universidades federais e ampliação dos institutos federais no país.
Os parlamentares da direita Adriano Bressan (PTB), Alexandre Bortoluz (PP) e Maurício Scalco (Novo) se colocaram favoráveis à implantação da universidade, mas criticaram o bloqueio, por parte do governo federal, de R$ 332 bilhões destinados à educação básica e superior. O argumento do Ministério da Educação é de que a medida foi necessária para evitar que se descumpra o teto de gastos.
Por outro lado, alguns vereadores, como Marisol Santos (PSDB), Lucas Diel (PDT) e Felipe Gremelmaier (MDB), defenderam que o assunto seja debatido sem polarizações, evitando o risco de que não haja a mobilização necessária para garantir a universidade. Já Olmir Cadore (PSDB) entrou na defesa pela mobilização.
– Não admito cruzarmos os braços nesta luta. Provoco as lideranças da região para que comecem a articular uma pressão em Brasília – reforçou.