A reestruturação do secretariado do Governo Adiló Didomenico (PSDB), realizada durante o mês de fevereiro, reforçou as alianças políticas do prefeito no Executivo, em especial do PTB. A sigla só fica atrás do PSDB na quantidade de integrantes no primeiro escalão do governo: são sete petebistas e oito tucanos. Adiló, que já foi filiado ao PTB, conta com o apoio do partido desde as eleições de 2020, quando a sigla o ajudou a se eleger com a coligação "Levanta Caxias", ao lado de Solidariedade e PSC. Entre os atuais 27 secretários municipais e cargos do primeiro-escalão, 17 são filiados a quatro partidos diferentes: oito do PSDB (além do próprio prefeito Adiló e da vice, Paula Ioris), sete do PTB, um do PSB e um do MDB. Os outros 10, a maioria, não têm filiação partidária (confira a lista completa abaixo).
Entre as novidades e mudanças anunciadas em fevereiro, dois secretários estavam em partidos ao assumir os cargos: Ricardo Daneluz foi expulso do PDT dias após sua posse e Cristina Nora Calcagnotto pediu desfiliação do MDB. A justificativa seria para não confundir sua atuação no governo com a presença no partido, que recusou oficialmente convite para integrar a base do Governo Adiló. O MDB, entretanto, segue presente no Executivo, através do controlador-geral do município, Gilmar Santa Catharina, que deixou a secretaria de Gestão e Finanças. O PSB, por outro lado, entrou no governo com o aceite de Wagner Petrini para deixar sua cadeira no Legislativo e assumir a pasta da Habitação. Do PSDB, entrou Ronaldo Boniatti, e João Uez, que está licenciado do partido, passou do Urbanismo para o Meio Ambiente.
Mas é o PTB que se destaca no troca-troca promovido por Adiló. Foram quatro mudanças envolvendo os petebistas: Grégora Fortuna dos Passos, que assumiu a Chefia de Gabinete; Flávio Cassina, ex-prefeito, que entrou interinamente na Habitação e depois foi confirmado na Secretaria de Governo; Cristiano Becker da Silva, que assumiu a pasta de Gestão e Finanças; e Carlos Giovani Fontana, que migrou da Habitação para o Urbanismo. Com exceção de Cassina, todos já participavam do Executivo em outras funções.
Flávio Cassina, que além de secretário é presidente do PTB em Caxias do Sul, relembra que a sigla trabalhou a candidatura de Adiló pelo partido durante quatro anos, até o atual prefeito trocar para o PSDB por um desentendimento interno na legenda.
— Por um acidente de percurso, ele mudou de bandeira na última hora, porque foi mal tratado pela executiva nacional, que não admitiu a coligação com o PSDB (em Caxias). O presidente (nacional do PTB) Roberto Jefferson foi insensível, não autorizou, então ele (Adiló) foi obrigado a mudar de bandeira. Mas, na realidade, toda a a estrutura foi formada pelo PTB. Nos sentimos completamente responsáveis, e nós temos a obrigação de ajudá-lo a governar. De nossa parte, continuamos alinhados (para 2024). Enquanto estivermos aqui neste mandato, estamos alinhados — reforçou Cassina.
Em todas as oportunidades que Adiló abordou as mudanças no secretariado, ele fez questão de reforçar que não se tratavam de movimentações políticas. Segundo o prefeito, a reforma se fez necessária para "dar uma oxigenada" no governo, que foi montado em um período de maior gravidade da pandemia de covid-19, quando a situação exigia outro estilo de atuação. Mesmo assim, das 10 mudanças no governo, todas envolveram nomes vinculados a partidos políticos.
O presidente do PSDB caxiense, deputado estadual Neri, o Carteiro, explica que a sigla respeita a autonomia de Adiló para compor seu secretariado, e garante que o partido não participou das indicações para o primeiro escalão na reforma do governo.
— Contamos com o comprometimento das pessoas em prestar um bom serviço público, que é o que mais importa para a população. Com mais de 30 anos de militância no PTB, entendemos que o prefeito tenha neste partido um referencial de apoio à administração. O PSDB segue aberto ao diálogo para continuar a construção de um governo que traga os melhores resultados para Caxias do Sul — afirmou Neri.
A composição política do Governo Adiló
PSDB: 8 nomes
- Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Inovação: Élvio Gianni
- Secretaria de Educação: Sandra Negrini
- Secretaria do Meio Ambiente: João Uez (licenciado)
- Secretaria de Obras e Serviços Públicos: Norberto Soletti
- Secretaria de Parcerias Estratégicas: Maurício Batista da Silva
- Secretaria de Recursos Humanos e Logística: Ronaldo Boniatti
- Procurador-Geral do Município: Adriano Tacca
- FAS: Katiane Boschetti
PTB: 7 nomes
- Secretaria de Gestão e Finanças: Cristiano Becker da Silva
- Secretaria de Governo: Flávio Cassina
- Secretaria da Receita Municipal: Roneide Valdecir Dornelles
- Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade: Alfonso Willenbring Júnior
- Secretaria do Urbanismo: Carlos Giovani Fontana
- Chefia de Gabinete: Grégora Fortuna dos Passos
- Samae: Gilberto Meletti
PSB: 1 nome
- Secretaria da Habitação: Wagner Petrini
MDB: 1 nome
- Controlador-Geral do Município: Gilmar Santa Catharina
Sem partido: 10 nomes
- Secretaria da Agricultura: Rudimar Menegotto (tem filiação no Progressistas, mas não tem atuação ativa no partido e não foi indicação política ao cargo de secretário)
- Secretaria de Cultura: Cristina Nora Calcagnotto (desfiliou-se do MDB)
- Secretaria do Esporte e Lazer: Gabriel Citton
- Secretaria do Planejamento: Margarete Bender
- Secretaria da Saúde: Daniele Meneguzzi
- Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social: Paulo Roberto Rosa da Silva
- Secretaria do Turismo: Ricardo Daneluz (foi expulso recentemente do PDT)
- Codeca: Maria de Lourdes Fagherazzi
- Festa da Uva (Comissão Comunitária): Fernando Bertotto
- IPAM: Flavio Alexandre de Carvalho