A Polícia Civil cumpriu novas medidas referentes a desdobramentos da 10ª fase de Operação Cáritas em Canela. Em nova investida, policiais civis cumpriram cinco medidas judiciais, também focando na área de turismo e eventos. A finalidade da operação é investigar e combater a corrupção na administração pública de Canela. Segundo informações da Polícia Civil, um imóvel avaliado em cerca de R$ 1 milhão foi sequestrado e ficará à disposição da Justiça. Localizado no centro da cidade, ele pertence a um dos investigados. A apreensão é uma garantia para a necessidade de eventual ressarcimento aos cofres públicos.
Um veículo de alto padrão, avaliado em cerca de R$ 140 mil, também foi apreendido para servir como ressarcimento. Além disso, foram cumpridas buscas em uma pousada no centro de Canela. O imóvel fica nas proximidades da Catedral e lá foi apreendido um mobiliário. Segundo apurado pela Polícia Civil, o material utilizado para confecção do objeto seria ferro pertencente ao patrimônio da Secretaria Municipal de Turismo. Esse material teria sido desviado do galpão da prefeitura em favor de agentes e servidores públicos lotados na pasta.
A Polícia Civil também efetuou a apreensão de três projetores, avaliados em cerca de R$ 270, que teriam sido doados por um banco à prefeitura. Os objetos, que eram usados na projeção de espetáculos na Catedral de Pedra, teriam sido direcionados a uma empresa particular de eventos, sem integrar o patrimônio público. Na medida, a Polícia Civil de Canela, entregou os aparelhos à Secretaria Municipal de Turismo, para que efetivamente seja de domínio e uso unicamente públicos.
Ainda foram cumpridas outras medidas, com a requisição de documentos à prefeitura de Canela. As medidas são complementares ao inquérito policial que apura práticas criminosas na Secretaria de Turismo no período de 2018 a 2022. Os autos já foram remetidos ao Poder Judiciário em dezembro de 2022, com o indiciamento de 23 pessoas.
Um investigado segue preso. Trata-se do ex-secretário de Turismo de Canela, Ângelo Sanches. O despacho, emitido pela 1ª Vara Judicial da Comarca, aponta que Sanches exerceu papel de domínio sobre os fatos, articulando com os demais investigados, pessoas físicas e empresas, a prática de delitos em favorecimento pessoal e em detrimento da administração pública. O advogado do ex-secretário, Ricardo Cantergi, ressalta que o imóvel não pertence ao cliente dele.
— Cabe destacar que Ângelo Sanches foi preso inicialmente por uma suposta liderança de uma organização criminosa. Quando dissemos que, então, o juízo competente seria a 17ª Vara Criminal de Porto Alegre, eis que são unidades judiciais instaladas hoje para atuação no combate à organização criminosa e ao crime organizado, tivemos uma mudança fática. Ocorre que, a partir daí, o delegado de policia de Canela não indiciou Ângelo pelo crime organizado. A denúncia é de peculato, cabendo inclusive acordo de não persecução penal, eis que preenche os requisitos para tanto. A prisão, no entender da defesa, é absolutamente ilegal, e aguardamos a manifestação dos tribunais superiores — ressalta o advogado.
Na 10ªfase, em 14 de dezembro foram cumpridas 218 medidas judiciais, com buscas em 29 endereços, incluindo a prefeitura e a Secretaria de Turismo. Na ocasião, dois imóveis avaliados em mais de R$ 1 milhão cada um foram sequestrados pela Polícia Civil, porque a investigação aponta que eles teriam sido comprados com dinheiro ilícito. Na ação, ainda foram bloqueados valores em 10 contas bancárias. Na investigação, foram apuradas possíveis irregularidades em pagamentos e contratos que somam cerca de R$ 2,8 milhões.