Encerrando a série de entrevistas com deputados estaduais da região com enfoque na pandemia, o Pioneiro conversou com Elton Weber (PSB). Weber tem base em Nova Petrópolis, é agricultor e defende, entre outras a agricultura familiar. Nesta entrevista, como nas demais dom os deputados estaduais que representam a região, o foco recai sobre a atuação parlamentar no contexto da pandemia. Confira os principais trechos.
Qual sua linha de atuação na pandemia?
A gente tem observado as orientações de saúde e tomado o máximo possível de cuidados. Inclusive eu tinha sempre atividades com grupos de agricultores e visitas com maior número de pessoas, e tivemos que restringir tudo isso. Ao mesmo tempo, continuamos com as atividades na Assembleia e temos visitado alguns municípios dentro das possibilidades. Também nos colocamos favoráveis a todos os projetos mandados pelo governo do Estado na questão da saúde, recursos. Redirecionamos nossas emendas ou sugestões de emendas à saúde, inclusive em Caxias os hospitais estão sendo contemplados. Também direcionamos através de emendas parlamentares de deputados federais com quem dialogamos.
O trabalho na questão das visitas acabou sendo comprometido. Um prejuízo necessário...
Com certeza, reduzimos as visitas em 70%. Temos feito contatos através de telefones, por vídeo no que for possível. E tenho visto que o próprio público tem entendido isso, que de fato é momento de termos cuidado.
O que o senhor está achando da atuação do governo do Estado?
O governador tem tentado trabalhar sempre no sentido de preservar a vida num primeiro momento, acho isso muito importante. Negar ou dizer que não é grave ou não existe não faz parte do nosso linguajar. Nesse ponto, tem sido muito pontual, correto. Temos também nos posicionado junto ao governador na questão do comércio e outras atividades, sempre pedindo, quando possível, permitir abertura com os cuidados. O problema do contágio do vírus não é daqueles que cuidam, é daqueles que insistem em aglomerar e transmitir para todo mundo. Então, nossa avaliação ao governo do Estado é positiva com relação às atitudes de segurança para a saúde, mas também faço ressalva de que, na nossa visão, sempre é interessante também deixarmos, dentro das medidas de segurança, indústria, comércio e serviços trabalharem. Se cada um fizer a nossa parte, podemos ter uma vida mais normal com atividades sendo feitas. E quem não cumpre, a lei deve ser aplicada. Quem insiste em não ajudar tem de sofrer as penalidades.
Mais flexibilizações ou menos, na sua opinião?
Acho que podemos fazer um pouco mais, ressalvando sempre a questão dos protocolos e cuidados. A grande maioria pensa dessa forma e temos de estar mais atentos aos que não querem fazer.
Acha que a sociedade é disciplinada o suficiente para tomar todos os cuidados necessários e há estrutura suficiente para a fiscalização?
Creio que, dentro dos protocolos e daquilo que o Estado tem feito, se nota que houve acertos, quando subiu a curva, foi devido à abertura, que talvez as pessoas não levaram a sério. Não é culpa de quem é prefeito, desse cargo ou aquele, do governador, mas a sociedade não compreendeu em boa parte a importância de não exagerar. Final de ano e Carnaval houve excessos. E se transformou naquele problema de algumas semanas atrás, que a pandemia se tornou gravíssima. Creio que o fato de ter sido muito grave serviu de aprendizado para aqueles que achavam que não precisavam de tantos cuidados. Acredito que a sociedade está mais preparada para absorver a necessidade dos cuidados do que um ano atrás.
E o Governo Bolsonaro, o que está achando?
Poderíamos estar melhores. O próprio presidente da República, em muitos momentos, negou ou deu declarações negando necessidade de máscara, da própria compra da vacina quando foi oferecida. Nesses pontos, o governo e o próprio presidente erraram, tanto que o atual ministro (da Saúde) está falando exatamente aquilo que muitos profissionais da saúde sempre disseram sobre uso da máscara, do álcool gel, do distanciamento... O esforço feito e os recursos passados para os Estados foram acertos, mas o presidente, negando os fatos, não colaborou.
"O esforço feito e recursos passados para os Estados foram acertos, mas o presidente, negando os fatos, não colaborou".
Acredita que o fato de o Brasil ser epicentro da pandemia recai muito em culpa dessa postura do presidente?
Quando há o líder de um país que tem uma postura dizendo que não é tão grave, que se fixem mais em tratamentos alternativos, preventivos, e não em tomar os cuidados em primeiro lugar, acredito que sim. Parte desse problema surge da postura do líder maior do país, que é o presidente.
O que o senhor pensa do tratamento precoce?
Sou a favor daquilo que os médicos e a medicina receitam e nos orientam. Não posso fazer algo que não tenha conhecimento. Sempre segui orientações dos médicos, então a questão de tratamento quem sabe disso melhor são os médicos, e entre eles há opiniões distintas. Eu as respeito porque eles são os profissionais, eu não tenho condição técnica ou clínica para dar opinião sobre isso.
Muitos parlamentares se posicionam sobre isso. É responsável um agente político defender uma bandeira da qual ele não tem propriedade?
Cada líder que ocupa cargo público tem de ter responsabilidade sobre o que fala. Se ele acha que deve falar e opinar sobre temas que conhece mais ou menos, é de responsabilidade de cada um. A minha posição e postura é opinar sobre o que tenho conhecimento e o que de fato tiveram comprovações.
O senhor tem representatividade na Região da Hortênsias, o que avalia sobre os impactos da pandemia no turismo e qual alternativa para amenizar?
É um setor que sofreu muito e ainda está sofrendo e vai sofrer por um tempo. Tem muitas restrições, melhorou nas últimas semanas, trabalhamos juntos para termos as flexibilizações dentro dos parâmetros possíveis. Vamos seguir olhando números de internações, contaminações, isso tudo diminuindo dá para começar com reabertura maior, sempre com os cuidados. Onde de fato há acompanhamento e fiscalização em lugares que as pessoas cumprem protocolos, foi comprovado que o problema não é tão grande. Não adianta só colocar regras proibindo ou abrindo. Se o conjunto não colaborar, vamos continuar tendo problemas.
E o que o senhor pensa sobre as aulas presenciais?
Dentro dos protocolos que as secretarias de Saúde e Educação do Estado estão trabalhando, eu sou favorável à retomada. Inclusive tem análise técnica de quem conhece o assunto. Eu não posso dizer o quanto de distanciamento e qual número em cada sala. Mais uma vez, nesses temas específicos, eu acompanho a posição técnica e científica de quem atua nesses setores.
O senhor é próximo do setor da agricultura. Muito se fala como o setor está forte na pandemia, mas chega algum tipo de demanda ou relato de dificuldade da categoria nesse período de pandemia?
Temos muitos agricultores que trabalham e fornecem produtos para escolas e agora não estão conseguido fazer negócios ou obter renda. Tem dificuldades, sim, nesse setor. A própria agroindústria familiar, em outros anos, participava de feiras, exposições, e isso gerava uma renda extra. Esses segmentos tiveram prejuízos. Talvez o dia a dia daquele produto que a indústria recolhe nem tanto, mas os que estão ligados ao ensino tiveram muitas dificuldades.