Há dois meses, familiares de Hellen Natália de Freitas Lopes, 24 anos, buscam pistas sobre o desaparecimento da jovem, enquanto mantêm a esperança de encontrá-la com vida. Nati, como é chamada, é moradora de Bento Gonçalves e foi vista pela última vez em um posto de combustíveis em 9 de dezembro de 2023. Ela estava com o namorado, que está está preso temporariamente desde o dia 19 de dezembro por suspeita de envolvimento no desaparecimento dela. O nome do investigado não foi divulgado pela polícia. Uma amiga do casal também aparece nas imagens gravadas pelas câmeras de monitoramento do estabelecimento.
Naquele mesmo dia, Nati trocou mensagens com o pai, por volta das 23h, e depois disso, ele não teve mais notícias da filha. Engajados na tentativa de desvendar o que aconteceu com a jovem e, principalmente, saber onde ela está, os familiares realizaram uma manifestação em 13 de janeiro.
— São dois meses sem nenhuma pista da minha filha. É uma tristeza sem fim, e meus dias são de muita angústia e muita dor. Tenho certeza que ela não sumiu por conta própria, porque ela sempre manteve contato comigo. A Nati sumiu do dia para a noite, e ninguém viu nada? Não sabem de nada? Ainda tenho esperança, mas são dois meses de tortura sem ela — desabafa o pai de Natália, Paulo Lopes, 54.
Ele reitera o pedido para que qualquer informação seja repassada para a polícia:
— Qualquer pista vai aliviar meu coração, que está aos pedaços.
Polícia Civil trabalha com hipótese de feminicídio
De acordo com informações divulgadas pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Bento Gonçalves, o namorado de Natália tem histórico de agressões contra a vítima. Segundo a polícia, ele é considerado o principal suspeito de envolvimento no sumiço da jovem. Ao depor, o homem apresentou versões contraditórias às informações coletadas pela polícia, o que aumentou as suspeitas sobre a participação dele.
Em análise dos peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) na moradia e em veículos do suspeito, foram encontrados vestígios de sangue em um carro e sinais de possível material orgânico nos objetos submetidos à investigação. A coleta foi encaminhada para análise de DNA, que deve confirmar se o material pertence ou não a Hellen Natália.
O delegado regional Augusto Cavalheiro Neto afirma que a Polícia Civil ainda aguarda o resultado da perícia genética. O tempo sem contato com familiares e amigos leva a polícia a trabalhar com a possibilidade da jovem ter sido vítima de feminicídio.
— O inquérito ainda está em andamento e todas as informações são apuradas. Estamos aguardando o resultado da perícia e dos exames de luminol e de DNA encontrados na casa e no carro do suspeito. A Polícia Civil ainda realiza buscas para encontrar a jovem viva ou o corpo da vítima, que devido ao tempo de desaparecimento se torna uma das hipóteses mais prováveis —aponta o delegado regional.
Cavalheiro ressalta ainda que o suspeito nega qualquer envolvimento no sumiço de Natália:
— Ele afirma que não fez nada com a Natália, que não sabe nada, e nem onde ela poderia estar.
Família soube de agressão após sumiço
A madrasta Juremi Nuniz, 58, lembra que, há alguns meses, a jovem havia terminado o namoro, mas não contou à família que foi agredida pelo namorado. A informação só chegou a eles recentemente, durante as investigações sobre o desaparecimento de Natália.
— Ela mandou mensagem e me disse: "Ju, não deu certo meu namoro, acabou. Agora eu vou tocar a minha vida". Quando eles terminaram, a Nati se afastou dele por um tempo e, recentemente, reataram o namoro. Nós não sabíamos que ela sofreu agressão, ficamos sabendo que tem uma ocorrência da Lei Maria da Penha contra o namorado dela quando ela desapareceu — lamenta.
A tia materna de Natália Lidiani Pereira, 37, relata a angústia a cada notícia sobre encontro de um corpo na cidade ou região serrana.
— Queremos uma resposta de onde está a Nati, independente do que aconteceu. Nós queremos Justiça, não queremos ser mais um caso esquecido por todos. Ela não merece isso e nós também não. Ela perdeu a mãe aos 13 anos, eu sou irmã da mãe dela e considerava a Natália como uma filha. Queremos encontrar ela com vida, temos esperança de encontrar ela bem, mas qualquer pessoa que some, aparece logo, e tem tanta maldade, que a cada dia temos que nos preparar para o pior. A gente quer uma resposta — afirma.