Quatro argentinos foram resgatados em condições de trabalho análogas à escravidão em Nova Petrópolis, na Serra, no sábado (1º), e um homem, localizado e identificado pela Polícia Federal como responsável pelas atividades, foi preso em flagrante. Não foram divulgados detalhes sobre a prisão, como nome ou idade do susposto empregador.
O gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Vanius Corte, disse que dois trabalhadores chegaram em agosto do ano passado à cidade, e outros dois no dia 1º de março deste ano. Nenhum deles jamais recebeu salário. Só seriam pagos ao final do serviço. Uma das pessoas resgatadas é um adolescente de 14 anos, que estava com o pai. Eles trabalhavam no corte de eucaliptos.
A situação foi revelada por dois dos trabalhadores, que dizem terem sido abandonados pelo empregador, sem dinheiro e local para pernoite.
Os dois estrangeiros, um de 24 anos e outro de 45, procuraram em Bom Princípio o 3º pelotão do 27º Batalhão de Polícia Militar. Relataram que residiam em Nova Petrópolis desde agosto de 2022, contratados para cortar mato. Durante todo o período, não teriam recebido salário e eram obrigados a morar em barracos improvisados, segundo descreveram.
Na noite de 31 de março, após reclamarem das condições de trabalho, teriam sido transportados pelo empregador até o município de Bom Princípio, onde foram deixados, sem dinheiro pelo serviço executado e sem terem onde pernoitar. Eles dizem ter sido ameaçados de morte, caso avisassem a polícia da sua situação. Procuraram então uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) naquele município, sendo depois levados ao batalhão da BM.
A Polícia Federal foi avisada e, na tarde de sábado, deslocou uma equipe para Nova Petrópolis, conforme o delegado Adriano Medeiros do Amaral, que atua na regional de Caxias do Sul, da PF.
A equipe do Ministério do Trabalho e Emprego também se deslocou para o município, onde encontrou o pai e o filho de 14 anos. Nenhum deles tem documentos, e todos entraram ilegalmente no Brasil, conforme Vanius Corte. As imagens encaminhadas pelo gerente regional a GZH mostram o acampamento onde pai e filho foram localizados, no meio da mata. Utensílios de cozinha e alguma comida estavam sob lonas penduradas, sem paredes. Os colchões eram apoiados sobre taquaras.