Os agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) promovem uma campanha para ajudar financeiramente o colega Welivanio Oliveira, 42 anos, que foi baleado com seis tiros de fuzil durante o resgate de um preso na UPA Zona Norte. Enquanto aguarda decisões pelo governo do Estado, que promete auxiliar o servidor, Oliveira precisa de ajuda para pagar o hotel e continuar o tratamento em Brasília, onde é morador e o plano de saúde não tem cobertura.
Os procedimentos médicos são feitos pelo plano do IPE e há promessa de ressarcimento pelo governo do Estado daqueles que não tem cobertura. O imbróglio acontece em razão da logística do servidor, algo que demanda burocracia e atrasa respostas do Estado.
Oliveira é morador de Brasília e só vinha a Caxias do Sul para trabalhar. Após o ataque, a mulher do agente penitenciário, Lilian Moraes Lopes de Oliveira, veio para o Rio Grande do Sul e está hospedada em um hotel desde o dia 8 de junho.
— Essa mobilização seria para as despesas do hotel e também de medicação, pois ele teve vários ferimentos, curativos e as medicações não foram baratas. Estamos recebendo doações de colegas de todo o Estado, que nos ajudaram bastante, também com alimentação. Todos os dias nos enviam comida e água. Eles não deixam faltar nada. Os colegas (de Susepe) lançaram esta campanha e tem chegado ajuda de todas as formas — agradece Lilian.
Após a retirada dos pontos da cirurgia e as primeiras sessões de fisioterapia, Welivanio já recebeu autorização para viajar. A próxima consulta está marcada para meados de agosto. A intenção é voltar para Brasília ainda esta semana, mas é preciso resolver a situação do hotel.
Outra dúvida é sobre a continuidade do tratamento, pois o plano não tem cobertura no Distrito Federal.
— O Welivanio vai ficar seis meses afastado. É um período de gastos com medicações e exames. Aqui no Rio Grande do Sul ele tem o IPE, mas lá em Brasília não. Terá que ser pelo SUS, o que não está fácil no Brasil inteiro, ou consulta particular. Por isso agradecemos este apoio dos colegas — explica Lilian.
A mobilização conta com o apoio do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul (Amapergs), que divulgou o pedido de ajuda nas redes sociais. O sindicato também auxilia nas conversas com o Estado.
Quem quiser ajudar o agente penitenciário que foi ferido ao confrontar com o criminoso na UPA Zona Norte pode destinar qualquer valor para as contas abaixo:
Doações por Pix:
Lilian Moraes Lopes de Oliveira
Chave: (61) 99364-6513
Banco Santander
Doações por transferência:
Welivanio Oliveira
Agência: 0135
Conta: 35.017724.0-9
Banrisul
Procurada pela reportagem, a Susepe se manifestou na manhã desta terça-feira (6). Confira a nota na íntegra:
"Desde o episódio que envolveu a fuga de um apenado na UPA Zona Norte, em Caxias do Sul, o agente penitenciário Welivanio Oliveira vem tendo o suporte necessário da Susepe para se restabelecer o mais breve possível.
Em relação as despesas decorrentes do incidente, é importante destacar que o Estado já pagou todas as despesas médicas e hospitalares, inclusive a anestesia dos procedimentos cirúrgicos, bem como vem custeando as despesas de hotel e passagem aérea de sua esposa."
COMO FOI O ATAQUE À UPA
:: Guilherme Fernando Mendonça Huff foi preso no dia 17 de janeiro no Vale do Taquari, durante uma ação da Brigada Militar, que apreendeu um carregamento de 841 quilos de maconha na BR-386. Huff foi transferido à Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito de Apanhador, por decisão da Justiça Federal.
:: Na madrugada de 7 de junho, Huff solicitou atendimento médico devido a uma possível crise renal. Como não há atendimento médico noturno na penitenciária, ele foi escoltado para a UPA Zona Norte.
:: A escolta chegou na casa de saúde às 3h15min. Menos de 10 minutos depois, um Passat cinza parou no pátio da UPA Zona Norte e três homens desembarcam vestidos com uniformes da Polícia Civil e portando armas longas.
:: Houve confronto com dois agentes penitenciários. Imagens das câmeras de monitoramento mostram quando Welivanio Oliveira, 42, é atingido por tiros de fuzil pelas costas. Na troca de tiros, os criminosos fugiram com o Passat e deixaram Huff na unidade de saúde.
:: Mesmo algemado, Huff foi até o agente baleado e pegou sua arma. Foi com essa pistola que ele matou o agente Clóvis Antônio Roman, 54. Na sequência, Huff rendeu uma mulher e a obrigou a dirigir até Farroupilha, onde um comparsa o aguardava para continuar a fuga.
:: Menos de 10 horas após o ataque, a Polícia Civil encontrou a casa que havia sido alugada pelo bando criminoso, na Rua Ludovico Cavinato, em Caxias do Sul. Na moradia, foram encontrados o Passat cinza, com placas de Criciúma, três fuzis, uma espingarda, coletes balísticos e a algema usada por Huff.
:: A mobilização das forças de segurança encontrou os suspeitos do ataque à UPA Zona Norte no dia 9 de junho. Huff estava em um apartamento na Avenida Independência, em Porto Alegre, mas cometeu suicídio ao perceber a ação policial. Outros três homens e uma mulher foram presos em diferentes cidades gaúchas. Um colega de cela de Huff na cadeia do Apanhador também é investigado. O último procurado morreu em confronto com a BM em Caxias do Sul.