O casal de idosos que perdeu R$ 118 mil de sua poupança em um golpe em Nova Prata é o mais recente um exemplo da importância da prevenção contra estelionatários. O dinheiro foi transferido em diversos depósitos de pequenas quantias, que dificultam o rastreamento pela Polícia Civil. A delegada Liliane Pasternak Kramm admite que recuperar este dinheiro e devolver para a vítima é praticamente impossível.
— O jogo é muito rápido, os criminosos logo movimentam esse dinheiro. O valor cai em contas que são próprias, movimentadas pelas quadrilhas, para passar para outras. A estratégia é pulverizar, dificultar o rastreamento. Um faz este golpe aqui para conseguir o dinheiro, e outro já está fazendo outro crime ou negócio com esse dinheiro que vai entrar. O retorno deste dinheiro é impossível, mas o rastreio é possível — aponta a delegada de Nova Prata.
Estas contas utilizadas por estelionatários são em nome de pessoas jurídicas e em diversos estados. A burocracia é utilizada pelos criminosos para dificultar as investigações.
— Buscaremos responsabilizar todas estas pessoas que receberam estes valores. Já oficializamos os bancos (para ter os dados de cada conta). Estas pessoas que recebem, presumidamente, são autores deste estelionato. Claro, teremos que ouvir todas estas pessoas para oportunizar defesa, mas, geralmente, já são pessoas envolvidas neste meio criminoso.
O golpe utilizado contra o casal de idosos de Nova Prata foi o do falso atendente de banco. Os estelionatários ligam para a vítima e dizem ser de um banco. Eles dizem que o cartão da vítima foi utilizado em uma compra de alto valor, que obviamente não foi feita pela pessoa. Diante da negativa, o golpista diz que o cartão foi clonado e informa um telefone (falso) do banco para que a pessoas resolva a situação com "a central".
Normalmente, esta "central" combina de um motoboy ir buscar o cartão e a senha da vítima — dois procedimentos que nenhum banco nunca solicitará. Neste caso de Nova Prata, contudo, a idosa foi orientada a ir em uma agência (fora do horário bancário) e encontrar com uma funcionária chamada Juliana. Esta falsa funcionária atendeu a vítima nos caixas eletrônicos, onde pegou os dados da idosa e completou o golpe.
Durante três dias, os golpistas fizeram transferências e retiraram todo o dinheiro guardado na poupança dos idosos. A retirada do dinheiro só foi descoberta na última terça-feira (15). À Polícia Civil, a idosa contou que tem três filhos, mas não queria incomodar eles, por isso fez tudo sozinha — e acabou caindo no golpe.
A delegada Liliane aponta que a Serra é um alvo predileto de estelionatários, que vem de outras regiões e estados. Os criminosos sabem que a região é próspera e as pessoas costumam guardar dinheiro.
— (Os golpistas) têm informações privilegiadas de bancos de dados, então, por vezes, tem o nome, a data de nascimento e sabem o banco do seu alvo. Sabem onde e em quem dar o golpe. Nenhuma das nossas investigações apontam que sejam pessoas daqui (que fazem o golpe). Os telefones são de fora. Não sabemos de onde são estas tais "centrais", mas cremos que são de dentro de presídios — avalia a chefe da Polícia Civil de Nova Prata.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), 75 estelionatos foram registrados em Nova Prata até maio. A média é de uma pessoa enganada a cada dois dias no município de 27 mil habitante. Segundo a delegada Liliane, quase toda semana há um caso que envolve grandes quantias de dinheiro.
No final do ano passado, a Polícia Civil gaúcha lançou um aplicativo que ensina como se proteger dos 15 golpes mais comuns no estado. O aplicativo “PC Alerta!”, desenvolvido para celulares, traz dicas de como não cair na trapaça. Lá são explicados o golpe do bilhete premiado, o book fotográfico, clonagem de WhatsApp, falso sequestro e golpe dos nudes, entre outros.
Como se proteger de alguns golpes
- Golpistas, em geral, oferecem alguma vantagem para atrair a vítima e têm pressa para obter a vantagem. Fique atento a isso.
- Certifique-se de que a pessoa com quem você está conversando, por WhatsApp por exemplo, é ela mesma. Para isso, uma dica é telefonar para a pessoa.
- Desconfie de ligações de pessoas desconhecidas e nunca repasse informações pessoais.
- Durante a venda de item, só entregue o produto após o dinheiro entrar na conta ou receber o valor. Não confie em comprovantes de transferência, porque eles podem ser falsificados.
- Nunca entregue seu cartão bancário ou senha para desconhecidos. Funcionários de banco não pedem estas informações.
- Se tiver um familiar idoso, oriente a pessoa sobre os golpes mais comuns e como se prevenir deles.
- Caso seja vítima, registre a ocorrência. É possível utilizar a Delegacia Online.
Fonte: Polícia Civil do RS.