Descrito como sendo um programa para dar mais segurança às áreas rurais, o Novo Rumo, uma parceria da Emater com a Brigada Militar (BM), é desenvolvido desde 2017 em cidades do Rio Grande do Sul e agora passa a ser operado também na Serra. Ele funciona assim: a Emater levanta a localização das propriedades do interior gaúcho e as coordenadas são inseridas em um mapa digital. Essas informações chegam aos policiais, que, com elas, conseguem traçar a melhor rota para chegar aos locais no menor tempo possível. Essa resposta rápida é essencial diante uma emergência.
Inicialmente, o projeto previa a aquisição de sistemas GPS para entrar em operação. O custo era estimado em mais de R$ 2 mil por equipamento (um para cada viatura), mas a ideia de um soldado de Nova Pádua fez com que o programa se tornasse acessível. Arlan Batista dos Santos recebeu as informações da Emater e as incluiu em aplicativos de mapas gratuitos. Desta forma, todos os policiais podem acessar os endereços pelos celulares.
O município de 2,5 mil habitantes é o primeiro da Serra a implementar o Novo Rumo e já conta com quase 400 propriedades cadastradas, o que equivale a uma mapeamento de 90% do interior. Nesta terça-feira (21), visitas comunitárias marcaram o início do programa que aproxima policiais e agricultores.
— É um facilitador importante. Na nossa região temos muitas estradas vicinais e bifurcações, que por vezes só os moradores tem conhecimento, o que torna o tempo-resposta muito demorado. Este georeferenciamento resolve este ponto e melhora a atuação policial — acredita o major Giovani Gomes, subcomandante do 36º Batalhão de Polícia Militar (36º BPM).
As coordenadas de latitude e longitude fazem parte do histórico de trabalho da Emater, que tem por missão promover o desenvolvimento rural sustentável. Em suas atividades, os técnicos coletam diversos dados das famílias do interior gaúcho, o que inclui este georeferenciamento da propriedades.
— Nossos colegas conhecem muito o interior, cada agricultor e propriedade. Não dependemos dessa coordenada, mas acabamos colhendo nas visitas quando fazemos este cadastro do agricultor. Naturalmente, criou-se este banco de dados, que agora pode ser utilizado não só pela BM, mas também pelo Samu e Bombeiros. É mais segurança para o campo — comenta Geraldo Sandri, presidente da Emater.
A ideia desenvolvida pelos PMs de Nova Pádua com aplicativos gratuitos deve acelerar a expansão do programa Novo Rumo pela região. Na semana passada, a Emater entregou as coordenadas para as forças policias de Farroupilha, Flores da Cunha e São Marcos. Uma visita ao 12º BPM, em Caxias do Sul, deverá ser agendada nas próximas semanas.
— Estamos mobilizados para que aconteça de forma rápida. Nosso papel é ajudar, gerar esta segurança no campo. São muitas entradas e caminhos no nosso interior e as coordenadas apresentam uma localização precisa. O agricultor só terá que informar o seu código (ao telefone 190) e os policiais terão todos os dados necessários para chegar rapidamente na propriedade — exalta Sandri.
No sistema de Nova Pádua, além das coordenadas geográficas também são inseridos dados do proprietário e fotos da moradia rural. O Novo Rumo também prevê a colocação de placas com o código de cada propriedade, mas esta identificação ainda é discutida.
— Esse projeto visa a agilidade e facilidade de encontrar a propriedade rural. Mesmo os policiais nascido na cidade não conhecem, algumas vezes, o interior. Quando recebemos a ligação (de emergência), é difícil localizar a propriedade. Até mesmo o morador tem dificuldades de explicar. Este cadastro nos aponta com precisão o endereço e melhor a rota — explica o capitão Daniel Tonatto, comandante da companhia em Flores da Cunha que é responsável por Nova Pádua.
Diariamente, estes dados devem ajudar o combate policial contra assaltos no interior e abigeato (furto de animais). O mapa com as propriedades também servirá como referência em situações de buscas ou cerco policial. Um exemplo em que o sistema poderia ter ajudado é do casal raptado em Santa Lúcia do Piaí, no interior de Caxias do Sul no início deste mês. Por cinco dias, policiais realizaram buscas pelos criminosos em áreas de difícil acesso e sem sinal telefônico, inclusive com apoio de helicópteros. Os corpos das vítimas foram encontradas em uma ribanceira, após a prisão do autor do crime.