A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou que a vítima 437 da covid-19 em Caxias do Sul foi um apenado do regime fechado. Juliano Moacir da Silva, 32 anos, cumpria pena no Presídio Regional, na BR-116, quando apresentou sintomas. Ele foi internado na UTI do Hospital Geral no dia 16 e morreu no último sábado (20).
Conforme a Secretaria de Administração Penintenciária (Seapen), o apenado preciso ser internado em hospital por outras comorbidades (não divulgadas) no dia 18 de janeiro. Ele recebeu atendimento médico até o dia 5 de fevereiro, quando retornou para a casa prisional.
O procedimento padrão é que um preso, ao ingressar no sistema penitenciário, fique 14 dias em isolamento e faça um teste de covid-19. Juliano da Silva só cumpriu 11 dias desta "quarentena" e precisou ser novamente encaminhado para o hospital. Desta forma, a Seapen aponta não ser possível determinar onde o apenado contraiu o coronavírus, mas garante que não houve contaminação dele para outros detentos.
Juliano da Silva foi o 10º detento a morrer em decorrência do coronavírus no Rio Grande do Sul desde o início da pandemia. É o segundo caso registrado na Serra. No dia 29 de agosto de 2020, um homem de 38 anos que cumpria pena na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito do Apanhador, morreu por covid-19. Ele foi a 97ª vítima confirmada para a doença na cidade.
O preso, que não teve a identidade divulgada, cumpria pena na Galeria B da casa prisional e teria queixando-se de problemas respiratórios. O paciente foi internado no Hospital Virvi Ramos, onde morreu cinco dias depois. Na ocasião, a Penitenciária Estadual enfrentava um surto de coronavírus.
O caso de Juliano da Silva, contudo, ainda não apareceu no boletim diário que é divulgado pela Seapen. A explicação é que a equipe de estatística ainda é aguardado pelo laudo de confirmação da covid-19. Conforme o documento, apenas um caso suspeito está em monitoramento na Serra — uma suspeita de covid-19 no presídio de Vacaria. O número de mortes continua em nove.
Procurada pela reportagem, a Susepe afirma que não há surto de coronavírus em nenhuma casa prisional da Serra. O último surto na região aconteceu em Canela, com cinco casos entre presos e três de agentes penitenciários, e foi controlado na semana passada.
Entre julho e agosto de 2020, o vírus foi enfrentado em duas galerias da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, que fica no distrito do Apanhador, na divisa com São Francisco de Paula. Uma testagem em massa identificou 140 casos da covid-19.
Quatro meses depois, um surto foi detectado no Presídio Regional, que fica na BR-116, na área urbana de Caxias do Sul. Na ocasião, 10 presos e três agentes penitenciários testaram positivo.
O terceiro surto aconteceu no presídio de Vacaria em janeiro, quando 22 detentos testaram positivo. Na ocasião, um agente penitenciário também realizou o teste, mas o resultado foi negativo.
Em todo o Rio Grande do Sul, a Susepe já realizou mais de 17,7 mil testes de covid-19, com 1.872 casos de presos recuperados e 10 mortes em decorrência da doença. Conforme o último boletim, estão em tratamento 49 casos confirmados de covid-19 e outros 38 suspeitos em presídios gaúchos.
Vacinação em presídios acontecerá na quarta fase, ainda sem previsão
Os presídios são uma área de risco considerada para vacinação contra a covid-19, mas ainda não há qualquer previsão para aplicações. No plano nacional, que foi divulgado em dezembro, a população carcerária aparecia na quarta fase, ao lado de professores, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional.
Depois, o Ministério da Saúde decidiu retirar a população privada de liberdade da lista de grupos prioritários, mas manteve no grupo os agentes de segurança do sistema prisional. A justificativa defendida por auxiliares do ministro Eduardo Pazuello é que a população carcerária seria constituída principalmente por jovens.
A Susepe confirma que as forças de segurança pertencem a fase 4 da vacinação, mas não tem uma previsão para a imunização dos agentes. A Secretaria Municipal de Saúde informa que segue as orientações do Ministério da Saúde e do governo do Estado. Contudo, o comunicado salienta que essas orientações são dinâmicas com atualizações à medida que são fornecidas novas doses. A vacinação de agentes penitenciários, portanto, precisa aguardar por tais informações.