O conserto ou troca de tubulações subterrâneas pode ser a solução para problemas de abastecimento ou escoamento em bairros de Caxias do Sul. A obra aguardada pela comunidade, em alguns casos, acaba gerando outros transtornos após a sua conclusão. É o caso de pelo menos seis pontos da cidade onde obras finalizadas há meses não tiveram calçamento recolocado pela prefeitura. A situação dificulta a trafegabilidade de veículos e pessoas, causando ainda incômodos aos moradores e comerciantes próximos.
RUA MOREIRA CÉSAR
No espaço destinado aos pedestres, quase na esquina com a Rua Vinte de Setembro, o fluxo é prejudicado pela falta de calçamento em um trecho de aproximadamente três metros de extensão e quase um de largura. Segundo relatos de moradores próximos, as pedras que hoje estão empilhadas no local – e que também acabam ocupando espaço da calçada – foram removidas em setembro de 2019 para o conserto de uma tubulação.
– Já tinham algumas pedras soltas na calçada e como precisaram arrumar o esgoto, a prefeitura ficou de arrumar tudo junto, porém quando acabaram o conserto, apenas cobriram com brita – relata a arquiteta Daniela Endres Copetti, que trabalha próximo ao local.
Algumas quadras adiante, no sentido centro-bairro, próximo à Rua Marcos Moreschi, o conserto de tubulações realizado há pelo menos um ano também atrapalha pedestres. Em uma extensão de aproximadamente 30 metros, o calçamento não foi reposto e isso, segundo moradores, atrapalha a circulação, sobretudo de pessoas idosas ou com deficiência. Ainda no final do ano passado uma idosa e uma mulher com deficiência visual chegaram a cair ao passarem pelo local onde pelo menos dois terços da largura do passeio apresentam desnível e pedras soltas. – Eu cheguei a me oferecer para refazer a calçada, mas a prefeitura disse que não teria como ressarcir, então estou ainda esperando uma solução – afirma Fausto Tieppo, proprietário de algumas salas comerciais que ficam no local.
RUA LUIZ CARLOS DA SILVA
Após a remoção do calçamento para obras em um bueiro, concluídas há cerca de três meses, o paralelepípedo não foi recolocado (fotos acima). O trecho ocupa toda a largura da rua, em uma extensão de aproximadamente cinco metros. Parte das pedras ficaram empilhadas na frente da residência de número 169, onde reside Josué de Oliveira da Silva, 45 anos, e já apresenta formação de vegetação.
– Está criando aranhas e até ratos por aqui. Sem contar que quando alguém vem nos visitar, estaciona o carro e não consegue abrir a porta por causa da pedras que estão na calçada – reclama Silva.
A rua, que apresenta diversos pontos de terreno acidentado, dificultando o tráfego de veículos, fica ainda pior no trecho que passou pelas obras, com um degrau que se formou entre a parte calçada e a não-calçada.
ÁREA CENTRAL
O cenário de buracos fechados apenas com terra e brita, com as pedras do calçamento empilhadas logo ao lado também ocorre na área central da cidade. Na Rua Visconde de Pelotas, quase esquina com a Rua São José, moradores que trafegam pela calçada de pedestres todos os dias relatam que o local encontra-se assim há, pelo menos, cinco meses.
Na Rua Marquês do Herval, próximo à esquina com a Rua Bento Gonçalves, o declive dificulta ainda mais o deslocamento dos pedestres pela calçada, que tem quase toda largura sem calçamento em uma extensão de aproximadamente 15 metros. Comerciantes que trabalham próximo ao trecho contam que é comum pessoas escorregarem na brita e caírem enquanto descem a rua. No local, a situação ocorre há anos, uma vez que o calçamento tem pouca espessura e acaba cedendo quando chove.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Smosp) se manifestou a respeito do assunto por meio de uma nota assinada pelo secretário da pasta, Gilberto Meletti. No texto, o secretário confirma que “há muitas obras pela cidade que ainda faltam os últimos reparos” e informa que o contrato com a empresa que realizava estes reparos foi encerrado em junho de 2019. “Em 26 de novembro, foi assinado o novo contrato com a empresa vencedora da licitação. Entretanto, ao assumir, a empresa solicitou um aditivo que não foi concedido”.
Segundo o secretário, a administração municipal, ao assumir o Executivo, teria solicitado uma notificação da empresa para rescisão do contrato e multa, mas ainda cabe recurso. Após este processo, será chamada a segunda colocada no certame. “Pedimos paciência e compreensão da comunidade. Equipes da Smosp estão se revezando e realizando reparos pontuais, principalmente em pontos de maior fluxo de pessoas e veículos. Assim que a nova empresa assumir, será repassado um cronograma para uma intensa força-tarefa neste sentido”.