Inaugurada em 20 de setembro do ano passado, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Norte, em Caxias do Sul, realizou 34,7 mil procedimentos de urgência e emergência — uma média aproximada de 200 pessoas atendidas por dia. Com estrutura para atender pelo menos 350 pacientes por dia, a unidade segue com parte de sua estrutura ociosa para atender à demanda, o que acaba impactando no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão) e em outras instituições que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, como o Hospital Pompéia, por exemplo. O principal problema seria o desconhecimento da população sobre o serviço ou a distância da área central.
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Com avaliação positiva de 80% dos pacientes, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, a UPA conseguiu reduzir em quase 20% a procura por atendimento no Postão, ainda abaixo dos 30% esperados pela prefeitura. De 20 setembro de 2016 a 16 de março de 2017, o Postão atendia, em média, a 423 pacientes por dia. Com a inauguração da UPA, esse número caiu para 348 atendimentos diários. Apesar de longe da meta, os números são comemorados pela secretária da Saúde, Deysi Piovesan.
— Conseguimos reduzir a demanda de atendimentos no Pronto-Atendimento porque esse pacientes migraram para a UPA da Zona Norte e esse número vai crescer consideravelmente. É um serviço novo e, com o tempo, os pacientes vão começar a procurar a UPA em vez do Postão. Um dos pontos positivos da unidade é a disposição de se integrar à rede, o que agiliza o atendimento. De maneira prática, a UPA consegue melhorar o fluxo de atendimento, ou seja, direciona o paciente para o lugar adequado (leito hospitalar, consulta com especialista, por exemplo) caso o problema não possa ser resolvido lá — destaca.
Criada para atender essencialmente a urgências e emergências, a UPA vem sendo vista pela população como uma alternativa às unidades básicas de saúde (UBSs), onde há relatos de falta crônica de médicos e filas durante a madrugada para pegar ficha para consulta (leia mais ao lado). Esse fenômeno pode ser confirmado pelos números: segundo levantamento da direção da UPA, a maioria dos atendimentos prestados na unidade — cerca de 70% — são de pacientes que poderiam procurar consultas nos postinhos.
— Grande parte da população, e essa é uma questão cultural e de comportamento, procura os atendimentos de urgência e emergência para resolver os problemas de saúde básica. São serviços que a gente sabe que ele poderia buscar numa UBS. Isso acaba sufocando o serviço de urgência e emergência num todo. Ele vem até a UPA porque sabe que vai resolver o problema rapidamente — afirma a diretora administrativa da UPA, Elaine Ferreira.
De acordo com a secretária Deysi, a falta de identificação da população com a UPA acaba por levar as pessoas ao Postão e ao Pompéia, o maior hospital da cidade e referência nas áreas de traumatologia para toda a Serra. Ontem à tarde, por exemplo, 22 pessoas aguardavam por leito em poltronas ou enfermarias especiais, quando poderiam estar aguardando a internação na própria UPA ou no Postão. Na semana passada, a instituição divulgou nota em que restringia os atendimentos e pedia à população que apenas buscasse os serviços em caso de emergência.
Uma nova realidade
Se no Postão a situação é a mesma — filas e demora de horas por atendimento —, na UPA o cenário é inverso: por volta das 15h30min de ontem, havia 20 pessoas sentadas na recepção esperando consultas. Na sala verde, outras 10 eram medicadas e aguardavam liberação para ir para casa ou encaminhamento para internação. Na observação pediátrica, duas pacientes estavam à espera do resultado de exames. Gabriela Pellin, três anos, está com pneumonia e chegou à UPA por volta das 9h30min. A mãe dela, a vendedora Poliana Pellin, 30, elogiou o atendimento:
— Tinha plano de saúde até junho do ano passado, mas acabei ficando sem o convênio. Desde que inaugurou, já estive seis vezes na UPA. Não tenho do que me queixar. O atendimento é excelente, a equipe é atenciosa, gentil e educada e o local é limpo — destaca ela.
Sem conseguir médico pediatra na UBS do bairro Castelo, a dona de casa Rosani Santos da Silva, 30, levou a filha Sophia da Silva, três, à UPA.
— Minha filha está com febre e como na UBS não tem pediatra, trouxe ela direto aqui. O atendimento é muito bom, está demorando um pouco o resultado do exame, mas no geral não há queixas. Toda a equipe é atenciosa e nos atenderam muito bem — afirma.
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