O reitor do santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, padre Ricardo Fontana, disse na manhã deste sábado (25) que é preciso se antecipar a tragédias e atuar de forma preventiva em relação a eventos climáticos. A declaração foi dada em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, em que o religioso afirmou que o bloqueio da Estrada dos Romeiros, na região conhecida como Morro da Busa, poderia ter sido realizada com mais antecedência. O trecho foi interditado no início da noite desta sexta-feira (24) devido ao risco de deslizamento de uma encosta.
— Poderia ter sido feito estudo geológico antes. Precisamos aprender a nos antecipar e ser mais proativos. Não estamos preparados para tragédias. Aqui no estado, de um modo geral, não estamos preparados para enfrentar situações difíceis e conforme o fogo vai acontecendo, a gente vai apagando a fogueira. Isso é muito triste porque isso é falta de planejamento, falta de seguimento à ciência. Não podemos ser negacionistas — afirmou.
Ainda segundo o padre, o santuário já havia alertado do risco de deslizamento da encosta em março, quando a queda de um eucalipto matou o ciclista Matheus Giacomin, de 31 anos. Na época, foram abertos protocolos de atendimento junto à administração municipal, segundo Fontana.
A interdição deste sábado acarretou em um desvio que aumenta o percurso de caminhada. No início da manhã, romeiros reclamavam da decisão de mudar o trajeto em cima da hora, o que obrigou a reorganização de quem já se planejava para caminhar até o santuário. Havia fieis, inclusive, que ficaram sabendo da mudança já no deslocamento.
— Nos assustamos porque um pessoal está dizendo que tem um desvio que vai levar o dobro (do caminho). Quem nos avisou foi um pessoal do começo do trajeto. Não vamos desistir, vamos com fé — afirmou um romeiro.
O padre Ricardo Fontana afirmou ainda que o santuário tem sido procurado por fieis que buscam conforto espiritual diante da tragédia climática vivida pelo estado. Segundo ele, essa foi a principal sinalização que levou a equipe a manter a programação.
— O termômetro para acontecer foi na metade de maio, quando organizadores cancelaram as pré-romarias, mas depois vinham agradecer que estavam ajudando. Então vimos que esse grande Rio Grande, o santuário se tornou um porto seguro cuja âncora é a esperança — afirmou.
Ainda segundo o reitor, os primeiros peregrinos chegaram por volta das 3h e a equipe de vigilância abriu as portas do santuário para acomodá-los. Por volta das 5h, quando Fontana chegou à igreja, parte dos devotos procurou o religioso em busca de bênçãos, conselhos e palavras de conforto. Na primeira missa, às 6h, chamou a atenção da organização a quantidade de fieis jovens que estavam presentes.