2024 será lembrado como o ano em que a fúria da natureza provocou deslizamentos e destruição como nunca antes vistos na Serra. As fortes e contínuas chuvas de maio, que elevaram o nível dos rios e provocaram enchentes em outras regiões do Estado, deixaram marcas profundas na região que, aos poucos, começaram a cicatrizar, com a reconstrução de estradas e pontes.
A quase uma semana para o novo ano, o Pioneiro destaca os principais acontecimentos que marcaram 2024 em Caxias do Sul e nos demais municípios da Serra. Hoje, você vai ver o que de mais importante aconteceu nos assuntos gerais.
Verbo do ano: reconstruir
Os efeitos da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul deixaram mortes e cidades da Serra ilhadas. Ao menos, 39 pessoas perderam a vida, em diferentes cidades, vítimas da catástrofe. Pontes e estradas foram destruídas pela força das águas ou pelos inúmeros deslizamentos de terra.
Sete meses depois, a reconstrução avançou. Como na ponte da BR-116, entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis, que foi inaugurada no último sábado (21). A antiga estrutura cedeu após a cheia do Rio Caí, precisou ser implodida e uma nova estrutura foi construída pelo Dnit.
Em janeiro, outra ponte foi reconstruída após ser levada pela água na enchente de setembro de 2023. A ligação entre Nova Roma do Sul e Farroupilha foi construída com recursos da comunidade e da iniciativa privada — um exemplo seguido em outros projetos da região.
Em Santa Tereza, o vídeo em que uma ponte é levada pelo Arroio Merrecão enquanto a prefeita Gisele Caumo dá orientações para a população, se tornou símbolo da destruição. A ponte conectava o centro da cidade às localidades de Linha José Júlio e Linha Bento, entre outras comunidades do interior.
Deslizamentos, rachaduras e apreensão
Quem mora em Galópolis teve um ano de preocupação. O bairro mais atingido pelos deslizamentos em Caxias do Sul registrou, em determinado momento, 220 famílias fora de casa — seja em abrigos ou em residências de familiares. Sete pessoas morreram. Rachaduras em morros e a chance de novos deslizamentos exigiram atenção das autoridades.
Geólogos do Rio de Janeiro auxiliaram nos estudos iniciais do solo, que seguiram com uma empresa contratada pelo município. Depois de seis meses, a prefeitura estima que menos de 30 casas permaneçam interditadas em Galópolis.
Outras localidades da região também foram afetadas. Em Bento Gonçalves, nas localidades de Faria Lemos e Tuiuty, os deslizamentos de terra vitimaram 10 pessoas. Quatro pessoas ainda não foram encontradas.
Em Gramado, o bairro Piratini concentrou os maiores danos. A Rua Henrique Bertolucci se tornou um símbolo dos estragos em Gramado. O grande volume de água acabou infiltrado no solo, causando movimentações de terra, queda de postes, fissuras no asfalto e danos em casas. Sete pessoas morreram, vítimas dos deslizamentos.
Os deslizamentos de terra sobre a BR-470, na área de Veranópolis, chocaram a região pela magnitude e pelos danos causados na rodovia. Em 1º de maio, as encostas da Serra das Antas foram levadas pela força da chuva que atingiu a região. Ao menos seis pessoas morreram soterradas pelos desmoronamentos de terra.
Conforme o Dnit, 94 deslizamentos foram registrados ao longo da BR-470, bloqueando o fluxo entre Bento Gonçalves e Veranópolis e, consequentemente, rompendo com a ligação entre as cidades separadas pelo Rio das Antas.
Em Santa Tereza, os cerca de 1,7 mil moradores precisaram lidar com quatro enchentes em menos de oito meses. Conforme o levantamento da prefeitura, no momento mais crítico da enchente de maio desse ano, cerca de 900 pessoas foram retiradas de casa. Atualmente, 24 famílias aguardam a construção de novas moradias, que estão sendo edificadas no Loteamento Popular Stringhini II.
Efeitos das queimadas chegam na Serra
Depois de danos provocados pela água, a região também sentiu os efeitos das queimadas na Amazônia. A fumaça provocada pelo fogo no Norte do país deixou o ar poluído e com qualidade considerada crítica. No céu, o sol ganhou novas cores — bonito para os olhos, mas prejudicial para a saúde.
Tragédia às vésperas do Natal
Na reta final do ano, a queda de um avião matou 10 pessoas da mesma família e levou pânico a moradores e turistas em Gramado. Um dos principais destinos turísticos do país, a cidade estava lotada para a programação de Natal e ganhou destaque internacional com a queda da aeronave, que decolou de Canela e transportava uma família com destino a São Paulo. Dezessete pessoas ficaram feridas e duas seguem internadas, em estado grave.
Cristóvão em obras
Um canteiro de obras começou a se instalar no Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, a maior escola de Caxias do Sul, com 1,3 mil alunos matriculados. O auditório e o ginásio da instituição estão recebendo melhorias, que devem ser concluídas no início de 2025. Posteriormente, as salas de aulas dos blocos também começarão a passar por reformas. As obras eram aguardadas há anos.
Free Flow avança na região
Desde março, começou a cobrança de pedágio na modalidade free flow em três novos pontos na Serra e outros dois no Vale do Caí, todos em rodovias administradas pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG). Os pórticos sem cancela e que não geram filas foram instalados nos dois sentidos das rodovias RS-122, RS-240 e RS-446. O primeiro modelo do free flow no Rio Grande do Sul entrou em operação em 15 de dezembro de 2023, no km 108,2 da RS-122, em Antônio Prado.
Impasse em cartão-postal do RS
Em setembro, a notícia do fechamento de uma tirolesa instalada no Cânion Fortaleza, no Parque da Serra Geral, em Cambará do Sul, trouxe à tona uma polêmica: a concessionária que administra o Fortaleza e o Itaimbezinho solicitou o fechamento dos parques, alegando prejuízos financeiros.
O pedido foi negado, ao mesmo tempo em que se discutem mudanças no contrato de concessão dos dois locais. O pedido está com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela concessão federal. A ideia é buscar uma alternativa para a redução no preço dos ingressos, que é a principal queixa de turistas e comerciantes, impactados com a baixa movimentação de visitantes.
Festa da Uva atrai 400 mil pessoas
A 34ª Festa Nacional da Uva movimentou 400 mil pessoas em 18 dias de programação. Neste ano, o evento realizou mudanças na organização dos pavilhões: o setor de alimentação ficou no Pavilhão 1 e o setor de compras no Pavilhão 2 — em outras edições, o formato era invertido. Outro destaque foi o retorno do espetáculo Som & Luz e também dos dias de tempo seco: nenhum desfile na Rua Sinimbu precisou ser cancelado devido ao mau tempo.