Com quantos sotaques diferentes se faz uma Festa da Uva? O evento em Caxias do Sul voltou, de forma muito perceptível, a receber nesta edição os grupos de excursões vindos de diferentes estados - com turistas brasileiros e até de estrangeiros - após este perfil de visitante ficar mais restrito na festa em 2022 devido à pandemia da covid-19. Somente neste domingo (25), vieram grupos de seis estados diferentes.
A Festa da Uva organizou um núcleo específico para receber quem vem de fora. O evento auxilia, por exemplo, para que seja feita a compra antecipada dos ingressos e que os bilhetes sejam retirados de forma mais ágil no Centro de Informações ao Turista (CIT), localizado ao lado do estacionamento do parque. É o retorno do acolhimento às turmas que estavam mais restritas há, pelo menos, cinco anos.
— Os grupos são organizados por agências de viagem, que trabalham com seis meses de antecedência. Naquela época, seis meses antes da Festa da Uva, não se tinha certeza da realização do evento e nem de qualquer outra celebração pelo país. Por mais que a Festa da Uva tenha sido realizada naquele ano, esses grupos não tiveram tempo hábil para se organizar — explica o membro da diretoria de Hospitalidade da Festa, Leandro Sbabo.
Neste ano, diferentemente de outras edições, os ônibus de turismo entram pelo portão principal e fazem o desembarque dos visitantes na entrada do parque - anteriormente, os grupos acessavam por outros portões, na parte de trás, e iniciavam o percurso pelos Pavilhões em outros pontos.
— A gente tem que receber o visitante pela porta da frente e não pela garagem. Percebemos que eles estão felizes com isso. Estão desembarcando no portão, sem necessidade de deixar o ônibus num ponto e caminhar até outros lugares. Estamos olhando para eles com carinho, para que tenham o máximo de conforto — ressaltou Sbabo.
Nos últimos 15 anos, a agente de viagem Lorena Dobrantz não organizou o passeio para a Festa da Uva apenas no ano de 2022. Naquela época, mesmo com a adoção de protocolos de segurança, ela não se sentiu confortável para fazer o passeio. Desta vez, trouxe 46 pessoas de Cascavel e Toledo, no interior do Paraná. Ficaram seis horas circulando pelo parque neste domingo (25).
— Eles gostam muito desta região, onde o tempo é bem aproveitado. Ampliamos a estadia em vinícolas de Bento Gonçalves, mas é aqui que tem festa, que tem uvas lindas para ver e degustar. É muito bacana, sentimos falta. Achei tudo bem organizado, mas senti falta de expositores de confecção — ressalta ela.
No mesmo grupo de Lorena estava a agricultora Elsa Motta, 63 anos, moradora de Toledo. Como recordação da primeira vez na Festa da Uva, levou embora uma caixa de uvas finas.
— Quero voltar de novo e trazer mais pessoas. Vou levar queijo, salame, todo o gostinho da região — contou ela, antes de se acomodar na poltrona.
A Festa da Uva ainda não traçou um perfil de onde vem o visitante, mas identificou aumento na presença de turistas gaúchos, principalmente da Região Metropolitana de Porto Alegre e do Sul do Estado. Uma excursão de Canguçu, por exemplo, desembarcou no domingo com 30 pessoas. Entre eles, o retorno do casal Gabriela e Josimar Heling.
— Viemos há muito tempo e desta vez deu certo para retornar com a excursão. Queremos nos divertir, nos distrair, provar a uva — comemorou Josimar.
Outros turistas que chegaram ao parque neste domingo vieram de Foz do Iguaçu (PR) e também do Paraguai. Após passarem a semana em diferentes cidades da Serra, uma excursão com 30 pessoas fez a última parada do roteiro na Festa da Uva. Oportunidade para a comerciante Andressa Feliponi, 24 anos, vinda da cidade de Santa Rita, no Paraguai, levar presentes para a família. A cidade fica a 70 quilômetros de Foz do Iguaçu.
— O mais legal é conhecer as diferentes variedades de uva, é tudo muito bonito. Estou levando camisetas, vinhos, souvernirs — contou ela, antes de embarcar para uma viagem de mais de 12 horas até a cidade de origem.