Uma comida afetiva, que simboliza a força da imigração italiana na região, ganhou novas proporções e atraiu o olhar curioso de visitantes neste sábado (24), na Festa da Uva, em Caxias do Sul. Atração inédita no evento, o Polentaço foi preparado por mais de três horas no Pavilhão 1 e rendeu mais de meia tonelada. As 3 mil porções foram servidas, com molho, por volta das 13h.
O prato saboread0 pelos visitantes começou a ser organizado ainda na sexta-feira (23). Uma equipe da prefeitura de Caxias do Sul construiu uma espécie de forno, com tijolos e cimento, o qual abrigou o parolo - caldeirão em ferro onde a polenta foi cozida. O fogo foi alimentado com cerca de um metro cúbico de lenha.
A preparação do alimento, por sua vez, começou nas primeiras horas da manhã do sábado. O primeiro ingrediente foi água, aquecida, mas sem alcançar a fervura. Foram 550 litros do líquido usados na preparação. Por volta das 10h, o caldeirão ganhou sete quilos de sal e três litros de azeite. Minutos após, o fubá foi sendo colocado aos poucos pela equipe de oito polenteiros que veio de Rio do Oeste, Santa Catarina. Foram utilizados mais de 10o quilos de farinha.
O segredo, segundo o marceneiro e chef do Polentaço, Anselmo Heidenann, 83 anos, é o cozimento sem pressa, com fogo a lenha e o movimento ininterrupto dos braços dos cozinheiros. O morador de SC estreou a receita na Festa da Uva e conta que esta foi a 120ª vez que fez a polenta gigante.
— Toda a alimentação que se faz no fogo a lenha tem outro sabor, fica mais gostosa. Também tem que ter um bom fubá e fazer sem pressa, com calma. Por isso, temos uma equipe grande — diz o chef, que prepara o alimento desde a década de 1990 e enfatiza o carinho e a dedicação como ingredientes extras para o sucesso do preparo.
A polenta pronta foi retirada do parolo às 13h e virada sobre outra estrutura, fora do fogo, com a ajuda de um pequeno guincho, guiado pelos polenteiros. Uma pequena quantidade caiu sobre o chão, mas nada que prejudicasse a animação dos visitantes que aplaudiram o trabalho da equipe catarinense. Logo em seguida, o alimento foi colocado em cumbucas, ganhou molho (preparado pelo Restaurante Tulipa) e começou a ser servido aos visitantes.
De Montenegro, o casal Maribel Leal Pires e Ademar Marobin visitava a Festa da Uva pela segunda vez a aprovou a polenta. Eles acompanharam a parte final do cozimento, a partir do meio-dia.
— Uma delícia. Ficou muito boa mesmo! - avaliou Maribel.
Já caxiense Maria de Lourdes Reche ficou impressionada com a quantidade de polenta. Ela diz que já fez o alimento para 30 pessoas, mas nunca em uma proporção tão grande como a da Festa da Uva.
— É uma experiência única. Nunca tinha visto nessa quantidade. Tem que ter muita força e muita prática, né, para virar. Ficou ótima! — comentou.
Para a nutricionista geral da Festa da Uva e diretora de alimentação e bebida, Josiane Camassola, este tipo de ação reflete a preocupação da festa em proporcionar uma gastronomia regional aos visitantes, além de uma experiência singular:
— Por isso fizemos uma curadoria na praça de alimentação para que trouxéssemos hábitos bem nossos. A polenta é um hábito nosso, uma comida típica da nossa culinária, assim como o sagu e a uvada. Muitos dos visitantes não conhecem, não sabem o que é e têm, então, a oportunidade de ter essa experiência gastronômica — ressaltou.