A Polícia Federal (PF) de Caxias do Sul, responsável pela investigação do caso de trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves, flagrado em fevereiro deste ano, terá mais prazo para concluir o inquérito de investigação. O primeiro prazo era 23 de junho, entretanto, segundo o delegado federal Adriano Medeiros do Amaral, ainda faltam alguns laudos periciais e outros elementos para concluir o inquérito e encaminhar ao Poder Judiciário.
Com a prorrogação, a instituição terá mais 90 dias para o encaminhamento, entretanto, Amaral acredita que mais um mês já seja suficiente.
— Já está em fase final. A gente espera que conclua em, no máximo, 30 dias, se não tiver nenhuma intercorrência no caminho. No final da investigação, a gente vai chamar os investigados para oportunizar depoimento deles para concluir o inquérito — explica o delegado.
A Polícia Federal é responsável pela investigação de trabalho análogo à escravidão, por se caracterizar como um crime federal. Assim como, também é competência da Justiça Federal receber o caso.
No início de maio, um relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi entregue à Polícia Federal constatando o trabalho análogo à escravidão envolvendo safristas, boa parte deles da Bahia. O documento foi elaborado entre os dias 22 de fevereiro, dia do flagrante, até o dia 2 de maio e reúne, em 68 páginas, com relatos de trabalhadores, fotos e documentos anexados.
Em março, por meio de coletiva de imprensa, Amaral já havia informado não ter encontrado evidências de que as três vinícolas envolvidas na denúncia, Aurora, Salton e Garibaldi, tivessem participação direta no crime de exploração dos trabalhadores. Desde então, a investigação está concentrada na empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão em Saúde Ltda. Mesmo assim, o delegado afirmou que representantes das vinícolas foram ouvidos pela PF.
A reportagem tentou contato com a defesa de Pedro Augusto de Oliveira Santana, proprietário da empresa investigada, mas até a publicação desta matéria, não teve retorno.