Adotar é um ato de amor que transforma a vida de quem é acolhido, mas também marca para sempre a trajetória de quem escolheu abrir os braços para o próximo. Nesta quinta-feira, dia 25 de maio, quando é celebrado o Dia Nacional da Adoção, 30 crianças e adolescentes estão aptos à adoção e aguardam por uma família em Caxias do Sul. Já no Cadastro Nacional de Adoção, há 246 adotantes aptos em Caxias. São casais, mulheres ou homens solteiros à espera de um filho ou uma filha e que podem ajudar a reescrever essas histórias.
A maioria dos adotantes tem preferência por bebês de até dois anos, sem doenças ou apenas com doença tratável. Apesar desse opção por crianças com menos de três anos, o Juizado da Infância e Juventude (JIJ) tem conseguido ampliar o número de adoções, especialmente, de crianças e adolescentes na cidade.
Para se ter uma ideia de 1º de janeiro até esta quarta-feira (24), 32 crianças ou adolescentes foram colocadas em família substitutas na cidade. Esse número superou todos os casos de 2022, quando 31 crianças ou adolescentes foram encaminhadas para esse procedimento inicial antes da adoção. A nomeação da juíza Carolinne Vahia Concy em julho do ano passado, para se dedicar exclusivamente as demandas do JIJ, é um dos motivos para o aumento. A juíza ressalta que o índice é reflexo de um mutirão que promoveu mudanças nos fluxos para acelerar os processos.
Ela cita a atuação das assistentes sociais Lívia Segui e Jenifer Souza e da psicóloga Cristina Schwarz como essenciais para a colocação das crianças e adolescentes em famílias substitutas. Esse é o primeiro passo para levar a adoção definitiva:
— Havia uma média anual de colocação em família substituta de 22 crianças e adolescentes. A gente começou esse mutirão de adoção neste ano, mudando fluxos e com ajuda da equipe técnica do Juizado da Infância e Juventude. Até agora, só em 2023, foram 32 colocações, que é o procedimento inicial para começar a adoção. Essa média em cinco meses já é superior ao ano passado quando foram 31 colocações, e com certeza vão ser feitas outras colocações ainda esse ano —destaca.
Ela afirma que entre essas colocações há grupos de irmãos, o que mostra que apesar de difícil, é possível buscar famílias para crianças e jovens:
—Foram vários grupos de irmãos, inclusive, de até quatro irmãos, o que se tem como muito difícil de se conseguir que eles sejam colocados em uma mesma família. Também de grupos de irmãos de 14, 15 e de um adolescente de 17 anos. Conseguimos fazer o que é considerado quase impossível. Também colocamos em famílias substitutas crianças e adolescentes com deficiência que já aguardavam há bastante tempo na fila por famílias.
Mudança de perfil
Hoje na fila há crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. A juíza destaca que há ferramentas digitais que podem ser acessadas por adotantes aptos para que possam ver fotografias e vídeos dos adolescentes que precisam de famílias. A juíza afirma que isso tem ajudado as famílias a abrir o coração, e mudar esse perfil de adoção.
—Já vimos casais que queriam adotar crianças de até cinco anos, e depois de ver as fotografias no aplicativo decidiram adotar adolescentes. A adoção desse grupo de quatro irmãos em Caxias é um exemplo. Era um casal que queria adotar duas crianças e adotou quatro irmãos de três a 12 anos.
Cinco bebês foram adotados em 2023, mas no momento não há nenhum apto à adoção. A juíza reforça a possibilidade de entrega responsável, que é quando a mãe quer entregar o bebê para a adoção.
— Os casais que querem bebês estão na fila há oito anos. É importante reforçar também a possibilidade da entrega responsável, que é quando uma gestante quer entregar o filho para adoção. Isso é possível, é legal, mas ela deve procurar a Justiça da Infância e Juventude, ela não pode entregar o bebê para quem ela quiser. Há adotantes na fila aguardando para adotar, a gente sabe quem são, acompanha, e eles fizeram curso no Instituto Filhos, e são totalmente avaliados. Essa impossibilidade da entrega para quem quiser é para evitar o tráfico, o comércio de bebês —destaca a juíza.
Ato de amor
O presidente do Instituto Filhos de Caxias do Sul, o engenheiro agrônomo José Otávio Carlomagno, ressalta a importância da data para colocar a adoção em evidência:
— A adoção é uma maneira de ter filhos. O Dia Nacional da Adoção coloca esse tema em evidência, assim as pessoas tomam conhecimento de que ter filhos por adoção é tão natural quanto gerar um filho. O dia também representa um avanço civilizatório porque o 25 de maio é uma data especial para as famílias que se formaram por meio da adoção. Tanto os pais adotam os filhos, como os filhos adotam os pais, é uma ligação muito forte, principalmente quando a adoção se dá com crianças mais velhas.
A juíza Carolinne também aproveita a data para deixar um recado a quem está na fila para adotar:
— A adoção é a manifestação mais forte de amor, e a gente acompanha de perto e vê a felicidade de quem está adotando e das crianças e dos adolescentes ao encontrar uma família. Ver esse encontro é muito bonito porque eles são carentes de amor, são crianças que sofreram em casa, abandonadas, negligenciadas e que precisam de muito carinho e amor e a adoção promove isso. Estamos muito felizes com esse resultado, e esperamos que mais pessoas nos procurem para poder habilitar a adoção, e estou na torcida para que a gente possa aumentar ainda mais o número de crianças e adolescentes que encontrem um lar.
Saiba mais
Hoje, são cerca de 200 crianças e adolescentes acolhidos em abrigos da cidade, mas somente 30 estão totalmente aptos a integrar um novo lar. As demais crianças e adolescentes ainda têm vínculos com as famílias de origem, situação que possibilita recursos que podem inviabilizar o processo de adoção.