Entre pistas e quadras esportivas, no Parque dos Macaquinhos, em Caxias do Sul, sobrevive, há três décadas, uma estrutura construída para a prática de skate. Também procurada por praticantes de BMX (bicicross) e de algumas modalidades de patinação, que relatam a falta de condições adequadas, tanto pelo formato, quanto pelo estado de deterioração, a pista teve a última reforma realizada no início do anos 2000. Aos usuários, a esperança agora é o projeto da construção de uma nova pista de esportes radicais no parque. Para sair do papel, no entanto, a estrutura, orçada em R$ 1,5 milhão, demanda complementação de verba, tendo garantidos, até agora, R$ 250 mil, o equivalente a 16% do orçamento. O recurso, proveniente de emenda parlamentar ainda no início de 2022, já teve prazo para uso prorrogado, ficando disponível para a obra até novembro.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Smel), Gabriel Citton, a prorrogação foi adotada como forma de garantir margem para a tentativa de mais recursos federais e afirmou que, caso não sejam viabilizados, os R$ 250 mil serão utilizados para uma reforma na pista existente, contando com complementação da prefeitura.
— Para reformar bem seria necessário complementar com uns R$ 100 mil ou R$ 150 mil, porque o problema maior é o piso, a drenagem, mas é algo que envolve um conjunto de secretarias. A prefeitura pode colaborar, sim, mas não posso dizer com que percentual, depende ainda do quanto o governo federal puder ajudar. Mas o que não dá é 80% de recurso municipal e 20% de recurso federal — comenta o secretário.
Ele cita que, pela prática de esportes radicais não dispor de um numeroso grupo de adeptos, o olhar do poder público seria mais voltado à pratica como lazer, sendo os atletas profissionais amparados por auxílios como os do Fiesporte (Financiamento Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer de Caxias do Sul), que por meio de projetos pode viabilizar o acesso a espaços privados para treino.
A emenda parlamentar destinada ao projeto da pista de esportes radicais no município foi viabilizada pelo deputado Elvino José Bohn Gass, por intermédio do vereador Lucas Caregnato (PT). O representante do município também é quem se disponibilizou, agora, a tentar mais recursos em Brasília.
"A gente vai por não ter outra opção", diz representante de grupo que pratica BMX
Segundo representantes de práticas radicais na cidade, a pista ideal comportaria todas as modalidades que partilham dos mesmos tipos de obstáculos e desníveis para a realização de manobras, algo que, atualmente, nenhuma pista da cidade atende, nem mesmo a que se encontra no coração da cidade.
— A pista foi feita com uma estrutura inadequada, não teve projeto com a devida qualidade técnica para práticas como skate, BMX ou patins — avalia Juliano de Macedo Lopes, 25 anos, que pratica o esporte há 10 anos e está formando a Associação Caxiense de BMX (Ascab), com o intuito de atuar em prol do esporte na cidade.
Ele conta que desde que começou a praticar o esporte, se deparou com a falta de estrutura, seja pelo espaço, a ser compartilhado com outras práticas, como o skate, ou mesmo pelas condições estruturais que, inclusive, foram publicadas em vídeo por uma revista digital do esporte que ele mantém no Instagram (@syrebmx). A publicação contabilizava mais de 750 curtidas no início da tarde desta quinta-feira (9).
A segurança do entorno também preocupa o representante.
— Não é só uma questão de esporte e lazer, é também de segurança pública. Eu e a maioria dos que praticam trabalham de dia e praticam à noite, acaba sendo perigoso. A região da pista é perigosa, existe mato mal iluminado, as piores coisas que tu pode imaginar já aconteceram ali — afirma Lopes.
No vídeo, gravado no sábado (4), o praticante expõe a situação estrutural da pista, mostrando a água acumulada e até mesmo lacunas que dão acesso a espaços cobertos que viram abrigo para usuários de drogas ou pessoas em situação de rua. O narrador destaca que "não dá pra praticar um esporte decentemente com uma pista assim". Outro vídeo postado na mesma página mostra os praticantes removendo terra, que ocupa parte da pista quando ocorrem fortes chuvas.
A prefeitura reconhece o problema de impermeabilidade no local, que tem solução prevista no projeto. Por meio da Smel, afirma que a manutenção é realizada de forma frequente, incluindo a limpeza do entorno, pinturas e que as fendas, mesmo quando fechadas, voltam a ser abertas. Em relação às demais questões do entorno e da pista de modo geral, o secretário Gabriel Citton afirmou que há intenção de melhorar o espaço e que isso será feito quando houver definição em relação ao projeto. A expectativa, segundo ele, é de que novas tratativas ocorram entre abril e maio.