Anunciado há cerca de quatro meses pela prefeitura, o estudo técnico que vai mapear doenças e métodos de controle de pombos na área central de Caxias do Sul, será iniciado nos próximos 30 dias. A previsão é da Administração Municipal que, por meio de assessoria, também informou nesta quinta-feira (30) que o estudo está em fase de contratação e não há confirmação de quem o realizará. O projeto pretende mapear a atual situação, quanto às doenças que acometem os pombos e métodos de controle, e garantir embasamento técnico a eventuais medidas de enfrentamento à superpopulação das aves registrada em determinados pontos da cidade.
Atualmente, não há levantamento oficial da quantidade de pombos que ocupam a área central. Em 2019, foram estimadas cerca de 5 mil aves nos locais de maior concentração: as praças da Bandeira, João Pessoa e Dante Alighieri.
Outro ponto emblemático é o trecho da Avenida Júlio de Castilhos, entre as ruas Borges de Medeiros e Alfredo Chaves, onde morava Idiati Macan Mondin, que morreu nesta quarta-feira (29), e que mantinha uma rotina diária de alimentação aos pombos, tanto naquele ponto, quanto nas praças da área central.
Na Júlio de Castilhos com a Borges de Medeiros, a concentração tem se dispersado desde que a oferta de alimentos no local diminuiu. Na manhã desta quinta, por volta das 9h, algumas dezenas de pombos circulavam pelo local que, neste mesmo horário, costumava registrar a presença de centenas de pombos pelas calçadas e sobre a fiação da rede de energia elétrica.
— Em alguns determinados períodos eles ainda vêm em maior número, tem pessoas alimentando, com restos de frango, pães ou rações... Mas a gente percebeu que, nos últimos dias, realmente, está menor a concentração delas aqui na rua — afirmou Lisete Lopes, que é gerente de uma ótica localizada na Júlio.
Segundo o biólogo Jackson Müller, que já atuou no enfrentamento de situações relacionadas à superpopulação de pombos como titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Novo Hamburgo, e também prestando consultoria para o município de Rio Grande, a redução da oferta de alimentos ocasiona a dispersão dos pombos que passam a buscar alimentos em outros locais da cidade.
— O bando se divide ou pode migrar junto pra outros pontos, dentro de poucos dias. Existe essa cultura de alimentar os pombos, mas eles são capazes de buscar o próprio alimento na natureza — afirma.
Segundo o especialista, os pombos são prejudicados pela alimentação fornecida pelos humanos, uma vez que ela não é feita de forma controlada e o excesso estimula o endocruzamento (cruzamento entre uma mesma linhagem), privando as aves da seleção natural, algo que resulta na degeneração da espécie.
Conforme o biólogo, a ausência de predadores naturais nas cidades também contribui para o aumento populacional. Aves de maior porte, que costumam atacar os filhotes e pombas mais frágeis, ficam afastados e este controle natural acaba não acontecendo nos centros urbanos.
Desde 2013, é proibido alimentar pombos em Caxias do Sul. A lei municipal foi sublinhada com a instalação recente de 10 placas espalhadas pelos pontos de mais incidência.