O edital para contratação de internet a professores e estudantes da rede municipal de ensino de Caxias do Sul foi retomado na última sexta-feira (21), quase um mês após ser suspenso para ajustes. As alterações ocorreram após apontamentos de operadoras interessadas em oferecer o serviço à Secretaria Municipal de Educação (Smed). Quando o contrato for assinado, famílias que atualmente não têm condições de pagar pela conexão poderão ter acesso gratuito a plataformas educacionais.
De acordo com a titular da Smed, Sandra Negrini, as modificações ocorreram principalmente para deixar mais claras as regras de prestação de serviço, como o controle do consumo de dados. Embora as operadores realizem a medição de utilização do pacote contratado, esse controle também precisa estar à disposição da secretaria. Além disso, em caso de necessidade, as empresas poderão ter prazo maior para incorporar o cadastro dos estudantes beneficiados, já existente na secretaria, ao sistema de conexão. Ao contrário da primeira versão do edital, agora também será permitido que o serviço seja oferecido por meio de consórcio.
— Deixamos isso de forma mais clara e as empresas aceitaram a resposta — afirma a Sandra.
O acesso à internet será oferecido a todos os estudantes e professores da rede municipal por meio de uma senha que permitirá navegar gratuitamente por meio de qualquer aparelho com chip ativo. Sites e plataformas educacionais como Google Classroom estarão disponíveis de forma ilimitada. O sistema, porém, não permitirá a navegação em redes sociais e páginas não relacionadas ao ensino. O certame estipula a aquisição de acesso a 50 mil usuários pelo prazo de um ano ao custo de R$ 19 mil, mas o município pagará apenas pela quantidade utilizada, inclusive se exceder o previsto. As propostas serão conhecidas em 10 de junho e ainda não há prazo para o início do serviço.
Um levantamento realizado em 2020 pela Smed apontou que cerca de 30% dos estudantes do Ensino Fundamental nas escolas municipais não tinham acesso à internet. O índice representa cerca de 10 mil crianças. A conexão gratuita será oferecida mesmo com o retorno das aulas presenciais. Um dos motivos é o protocolo de distanciamento, que permite apenas parte da turma em sala de aula. Além disso, o acesso à internet é visto como uma ferramenta para recuperar, nos próximos anos, o prejuízo pedagógico que os estudantes tiveram desde o início da pandemia.
Acesso depende de dispositivos
Para que estudantes de baixa renda possam, de fato, ter acesso ao conteúdo online, disponibilizar sinal gratuito de internet não basta. Também é preciso dispositivos eletrônicos, que muitas vezes sobram nas casas de famílias com maior poder aquisitivo, mas faltam para cinco mil estudantes da rede municipal.
Para contornar o problema, o município pretende adquirir Chromebooks, laptops de custo mais baixo e normalmente utilizado como ferramenta de ensino. Atualmente, a equipe da Smed trabalha na elaboração de orçamentos para a compra, que ainda não tem data para ocorrer.
Os aparelhos serão emprestados aos estudantes que necessitarem. Isso também pesou para escolha do modelo de equipamento, uma vez que muitas vezes os estudantes ficam vulneráveis a caminho de casa.
— Como o Chromebooks tem um rastreador, no momento que desconecta o chip, de forma online, ele não tem mais valor nenhum — observa Sandra.