Os estudantes de Bom Jesus, Esmeralda, Pinhal da Serra e Monte Alegre dos Campos ainda não retornaram as aulas presenciais tanto na rede municipal de ensino, quanto na rede estadual. Os alunos seguem com aulas online nas plataformas e com as atividades pedagógicas. A decisão de adiar a retomada em sala de aula ocorreu devido ao alto índice de casos e também ao contágio de profissionais das escolas, antes mesmo do retorno dos colégios nessas cidades.
De acordo com a 23ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), em Pinhal da Serra o retorno está previsto para ocorrer entre os dias 17 ou 24 de maio. Em Esmeralda, a previsão é retomar as aulas presenciais em 24 de maio e, em Bom Jesus, em 7 de junho. Já em Monte Alegre dos Campos a data ainda não foi definida. Ainda segundo a coordenadoria há cinco escolas fechadas na região dos Campos de Cima da Serra, depois que professores e funcionários testaram positivo para a covid-19. São cinco escolas, sendo três em Vacaria, uma em São José dos Ausentes e uma em Pinhal da Serra.
— São três professores e dois funcionários em Vacaria, três professores em São José dos Ausentes e um professor em Pinhal da Serra que apresentaram testes positivos.
Já nos municípios que não retornaram ao ensino presencial, ela explica que as escolas oferecem plantões pedagógicos e, por isso, não são consideradas fechadas.
— Os alunos que têm acesso à internet continuam com as aulas na plataforma. Quem não tem acesso à internet devido ao sinal de telefonia não existir, recebe as atividades impressas — explica a coordenadora regional da 23ª CRE, Cristina da Silva Boeira Fabris.
Profissionais de escola infectados e aumento no número de casos em Bom Jesus
Em Bom Jesus, o retorno estava previsto para segunda-feira (17), mas foi adiado para 7 de junho porque sete profissionais de escolas foram diagnosticados com covid-19 na cidade. São quatro monitores, uma cozinheira e a diretora de uma mesma escola, além de uma professora de outro colégio. O contágio desses profissionais, aliado a elevação do número de casos de coronavírus, levou a prefeita Lucila Maggi (MDB) a adiar o retorno dos alunos para as salas de aula. Um decreto determinando o adiamento das aulas será publicado nesta sexta-feira (14).
Na cidade, 15 pessoas perderam a vida em função de complicações da doença. No momento, há três pacientes internados no hospital. A chefe do executivo também observa que não há data para a vacinação dos professores e que as regras do novo modelo de controle da pandemia do governo do Estado ainda não foram anunciadas.
— Observando a região, nota-se que alguns municípios tiveram que suspender as aulas presenciais devido ao surgimento de casos de covid-19 especialmente entre os professores. Temos que evitar essa situação — pontuou a prefeita.
A secretária de Educação Márcia Freitas frisa que não é o momento de retorno e, sim, de preservar a vida:
— Tivemos um aumento significativo de casos, e mesmo sem as crianças frequentarem as escolas, tivemos casos de professores e funcionários de escolas positivando para o coronavírus. Isso nos chama a atenção porque sem iniciar nós já tivemos esse número de casos em uma semana. Não é o momento de expor alunos, professores e funcionários a essa situação. Uma das pessoas que trabalha em escola foi transferida para Vacaria e temos que preservar vidas nesse momento.
Outro fator que foi levado em conta pelo município foi um levantamento realizado com os pais para identificar quantos alunos iriam para a escola. Os dados apontam que cerca de 29% destes estudantes, tanto da rede municipal como estadual, retornariam na data prevista. O município conta com seis escolas: quatro estaduais e duas da rede municipal.
— Somando os totais das escolas, a gente chegou a uma média de que apenas 29% dos alunos em Bom Jesus retornariam presencialmente. Aí também se gera todo um gasto com o transporte escolar. Isso também deu uma balançada com relação a esse retorno.
De acordo com levantamento na rede estadual, dos 675 alunos matriculados na Escola Estadual Frei Getúlio, 146 responderam que voltariam às aulas presenciais. Na Conde Afonso Celso, dos 506 alunos, 206 retornariam, enquanto na Joaquim Marques, de 86 estudantes, 27 disseram que voltariam. Na Nossa Senhora das Graças, dos 14 estudantes, quatro retomariam as atividades presenciais. Nas escolas municipais, a situação é semelhante: na Irmãs Ramos, dos 476 alunos, 124 responderam que voltariam ao colégio, e dos 200 estudantes da Escola Bom Jesus, 35 iriam para a sala de aula.
Outra preocupação da prefeitura é como manter os protocolos com a chegada do frio intenso na região.
— Tem toda essa questão do inverno, de deixar os ambientes bem arejados, com janelas e portas abertas. Na nossa região, não há como seguir à risca esse tipo de imposição. Isso nos levou a pensar e decidir por esse adiamento — frisa a secretária de Educação.
Aumento dos casos chama a atenção na cidade e em cidades vizinhas
Em outras cidades da região, as aulas foram suspensas devido aos casos confirmados em escolas. Levando isso em conta e analisando os números de Bom Jesus, o retorno do próximo dia 7 ainda será avaliado. A secretária de Saúde, Renata Camargo Zamban Paim, explica que os casos aumentaram, sendo que no início dessa semana eram 37 infectados e, nesta sexta-feira (14), já foram confirmados 60. Ela ressalta que a prefeitura ampliará a fiscalização no comércio e as orientações à população:
— O nosso maior desafio é fazer com que as pessoas evitem fazer aglomerações, o que tem sido frequente no município. Estamos orientando nas redes sociais diariamente, bem como com carro de som. Porém, as pessoas insistem em achar que a pandemia terminou. Pedimos novamente que as pessoas tenham consciência de que o vírus circula de forma rápida no município e que usem máscaras e evitem se aglomerar.
A secretária ressalta que, em relação a vacinação, a cidade começa neste sábado (15) a imunizar pessoas com 40 anos ou mais com comorbidades. Sobre a vacina para os professores, ela aguarda definições:
— Estamos esperando uma resolução da CIB (Comissão Intergestores Bipartite) que nos garanta as doses para todos os professores, pois como foi definido que os mesmos seriam vacinados com doses excedentes, não temos a garantia de que estas serão para as duas aplicações.
Retorno ao ensino presencial será avaliado em Esmeralda
O aumento de casos confirmados de covid-19 também fez com que Esmeralda adiasse o retorno das aulas presenciais. A cidade não retornou no último dia 3 e a previsão é para o próximo dia 24. Até o momento, o município registra 49 casos ativos e monitora outros 97. A secretária da Educação, Maria Lúcia Valente, explica que será feita uma avaliação antes da data prevista para avaliar a volta às escolas:
— Se os casos persistirem em alta, com certeza iremos recuar. O decreto municipal vai até dia 23. Já tivemos quatro casos com professores, mas já estão recuperados e trabalhando.
Quanto aos alunos, ela explica que ainda não foi relatado nenhum caso de contaminação.
— Temos estudantes em monitoramento porque a família está monitorada. Os professores estão trabalhando com escalas.