O GramadoZoo está reaberto desde a semana passada. Ainda terá limitação de público, neste sábado (24) e domingo (25), em função dos protocolos de prevenção à covid. No entanto, não poderá ainda receber visitações de escolas, que representavam uma parcela significativa do público, e naturalmente, de renda. Apesar desse cenário, o zoológico continuou a receber animais para serem atendidos no hospital veterinário. Em 2020, apenas de agosto a dezembro, o zoológico atendeu 58 animais resgatados. Neste ano, já foram 78.
— Assim como tantas outras empresas relacionadas ao turismo, houve um impacto muito forte. E além de todos problemas que outras empresas enfrentam, temos o agravante dos atendimentos. Importante ressaltar que neste período em que permanecemos fechados, jamais deixamos de atender, sendo tudo custeado pelo próprio zoológico —revela Marcos Gomes, diretor do GramadoZoo.
A maioria dos animais chega até o parque após ser resgatado da fauna em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado (Sema), a Patrulha Ambiental (PATRAM) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ou por meio de parcerias com outras instituições. Muitos foram encontrados doentes, feridos ou até mesmo foram vítimas de maus tratos. Todos que chegam ao zoo são autorizados pelo Setor de Fauna da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Gomes afirma que a receita do espaço é totalmente proveniente da bilheteria e de outros serviços, como o restaurante, que atendem ao público no local. Segundo ele, a suspensão das visitações ao longo de diversos períodos desde o início da pandemia fez com que outras alternativas fossem buscadas, como a comercialização de bichos de pelúcia, na loja virtual, além da busca por recursos por meio de financiamentos. O diretor não citou valores ou percentuais referentes à situação atual, mas confirma que oscila muito e que varia conforme a necessidade de cada animal.
— A gente nunca sabe quando vai chegar algum caso pra atendimento e alguns chegam a custar mais de R$ 70 mil, como no caso de um puma que teve a perna amputada. Nós arcamos com estes custos sem nenhum tipo de subsídio ou aporte — resigna-se o diretor.
Bicho salva bicho
Segundo Marcos Gomes, não existem políticas públicas para atendimento de animais silvestres em nenhum lugar do Brasil. Ainda antes da pandemia, o assunto já vinha sendo levantado por inúmeras frentes. O diretor afirma ainda ter participado de reuniões que trataram da questão como o Ministério Público, a Secretaria de Meio Ambiente do RS e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
— Nesses momentos em que o zoo esteve fechado, encontramos formas de amenizar o impacto. O projeto "Bicho salva Bicho", por exemplo, idealizado e criado desde a fundação do Zoo, destina parte do valor arrecadado com a venda dos bichos de pelúcia a compra de materiais e equipamentos doados para instituições e projetos relacionados aos animais silvestres em todo Brasil. Nunca imaginamos que precisaríamos usar o valor para nós mesmos. Os animais continuaram tendo o mesmo padrão de atendimento e realizamos inclusive melhorias, nunca deixamos de investir no bem estar deles. Não cogitamos deixar de atender, mas acabamos ficando sobrecarregados e, por isso, precisamos de políticas publicas, e não apenas para ou por nós, mas pelos animais — defende Gomes.
Dedicação e cuidado com os animais no hospital veterinário
Na última terça-feira (20), o parque foi acionado novamente para ajudar na missão de salvar e preservar a vida silvestre. Naquela véspera de feriado, oito filhotes de gambá, resgatados em Nova Petrópolis, foram levados ao zoo. A chegada dos filhotes se soma aos 78 animais da fauna silvestre atendidos desde o início deste ano. Segundo a bióloga Tatiane Nunes, responsável técnica do Gramadozoo, a mãe dos animais foi encontrada morta.
— Não sabemos as causas da morte da mãe. No entanto, quando a mãe acaba sendo vítima fatal de atropelamento, por exemplo, os filhotes saem da bolsa (marsupial). É comum encontrar fêmeas mortas e os filhotes no chão ao redor da mãe — lamenta.
Dos oito filhotes, apenas quatro sobreviveram e estão recebendo cuidados especiais no hospital veterinário do Gramadozoo. Além de área aquecida, os animais recebem alimentação adequada e monitoramento veterinário. De acordo com a bióloga, os quatro filhotes que não resistiram estavam bastante debilitados.
— Tentamos salvar todos que recebemos, mas nem todos alcançam a idade adulta —resigna-se.
Programe-se:
O quê: O GramadoZoo está reaberto à visitação. Funciona de quarta a domingo, das 10h às 16h (última entrada no parque). É obrigatório o uso de máscara facial durante todo o passeio.
Localização: RS-115, distante 700 m do pórtico de entrada de Gramado (via Taquara).
Endereço: RS-115, km-35 (Várzea Grande) - Gramado - RS.Telefone: (54) 3421 0800 WhatsApp: (54) 9 9154 8861.
E-mail: sac@gramadozoo.com.br.