O retorno das aulas presenciais era aguardado com ansiedade por escolas e pais da rede privada de ensino de Caxias do Sul. O anúncio feito pelo governo na manhã desta sexta-feira (24) foi um alívio para instituições e famílias, principalmente, da Educação Infantil. Na Caminho do Saber, após as atividades remotas desta tarde, professores e funcionários colocaram balões e faixas de boas-vindas para receber as crianças na segunda-feira. Como as escolas da rede particular chegaram a iniciar o ano letivo, elas estavam com estrutura e protocolos prontos, mas com aulas no formato remoto.
— Foram quase dois meses compartilhando a preocupação e sentindo a angústia das famílias. Estamos prontos — comentou a diretora-presidente da Rede de Ensino Caminho do Saber, Maristela Tomasi Chiappin.
A ideia, segundo a diretora é fazer uma acolhida aos alunos na segunda-feira para minimizar esse tempo de ausência. São em torno de 180 alunos da Educação Infantil e outros cerca de 180 de 1º e de 2º anos do Ensino Fundamental. O estabelecimento fez uma pesquisa com os pais, antes da suspensão das aulas, que apontava que 93% levariam os filhos presencialmente. A instituição acredita que esse percentual deva se manter agora.
No caso dos pequenos, além da necessidade dos pais de terem seus filhos na escola em função do trabalho, há a questão da dificuldade que as crianças têm de concentração ao conteúdo disponibilizado de maneira online. No Ensino Fundamental, para os estudantes de 1º ano, a preocupação é com a alfabetização, já que eles tiveram uma pré-escola a distância, e quem está no 2º ano, que vai aprofundar a alfabetização, não teve o 1º ano por inteiro na presencialidade. Daí, a importância, segundo Maristela do retorno presencial.
Na tarde desta sexta-feira, o Colégio La Salle ainda esperava uma confirmação do município e posicionamento da mantenedora para saber se retoma as aulas presenciais na segunda-feira.
— Vamos retomar, desde que tenha o aval da autoridade pública efetiva. Estamos prontos desde o começo. Ajustamos protocolos que foram aprovados. Esperamos o município se manifestar e a mantenedora — disse a supervisora administrativa da instituição, Patricia Dall'Oglio.
A data e horário de retorno serão divulgados ainda neste sexta, no site da instituição, por email e WhatsApp para as famílias. São 16 turmas da Educação Infantil ao 2º ano do Ensino Fundamental. O Colégio aguarda a resposta dos pais para saber quantos alunos voltarão de forma presencial.
Pais de alunos estavam ansiosos pelo retorno presencial
Cassiana Baggio Bisinella, 34 anos, e o marido, Ezequiel Piovezan, 38, têm esperado muito pelo retorno das aulas presenciais em Caxias do Sul. Ela é bancária e somente em uma tarde da semana consegue trabalhar de casa. Ele é metalúrgico e trabalha o dia todo na empresa. Com isso, em dois dias da semana o casal se desdobra para deixar a filha, Laura, três anos, sob os cuidados da avó materna. Ela mora em Nova Pádua. Então, os pais tiram a criança da cama de madrugada, levam até a casa da mãe da Cassiana e voltam para seguir cada um para seu emprego. Ao final do dia, retornam para buscar a filha. Nos outros três dias, a menina fica com uma cuidadora. Na segunda-feira, ela poderá voltar ao turno integral na escola.
— É um alívio, porque está complicado com nossos trabalhos e me preocupa a educação da Laura e a socialização dela com os amigos. Graças a Deus, agora volta. A escola tem um protocolo muito rígido. Fico muito mais tranquila com ela na escola, em todos os sentidos. Tomara que não mude até domingo — desabafou Cassiana.
Para a Flavia Martinato el Andari, 43 anos, mesmo em escolas particulares que conseguem atuar de forma remota, as crianças estão tendo outras perdas que não as pedagógicas sem as aulas presenciais. Ela é dona de casa e acompanha o filho Pedro, sete anos, nas aulas online à tarde.
— Nós sempre fomos a favor da aula presencial, porque acreditamos que há necessidades que os pais não conseguem suprir. Cada um tem seu papel fundamental no desenvolvimento da criança. Tem coisas que a escola não vai conseguir fazer, que cabe aos pais. Tem coisas que os pais não conseguirão fazer, que cabe ao professor. E tem coisas que nem professor nem pais farão que são os amigos que irão acrescentar. Na escola que meu filho está, a questão pedagógica está sendo suprida, mas a questão emocional, desenvolvimento social... ele é filho único, não tem convívio com outras crianças e sabemos que isso é muito importante. A saúde não é só não ter coronavírus. Envolve um contexto gigante — ponderou Flavia.