O decreto que será publicado em Caxias do Sul nesta segunda-feira (14) é a última tentativa da prefeitura antes de determinar um toque de recolher. Todos os estabelecimentos comerciais e de serviços devem permanecer fechados das 22h às 5h. A expectativa é que até a telentrega seja proibida neste horário. O texto do decreto, contudo, aguarda o pronunciamento do governo do Estado sobre o novo modelo de cogestão a ser adotado a partir de agora.
A decisão foi tomada em reunião do Gabinete de Crise diante do crescimento dos casos de covid-19 no município e a saturação do sistema de saúde, tanto público como privado. Os alvos da prefeitura são as aglomerações que insistem em acontecer apesar dos alertas sobre o risco extremo de contágio. Alguns dos locais com mais denúncias são os chamados sacolões 24 horas, onde pessoas se encontravam na frente para comprar e consumir bebidas alcoólicas.
Com o novo decreto, a fiscalização também reduzirá a tolerância. Até então, diversos bares e restaurantes fechavam as portas no horário determinado, mas continuavam a atender clientes que estavam no seu interior. Os locais eram denunciados pela comunidade, mas não recebiam sanções. A partir de agora, os estabelecimentos deverão estar desocupados às 22h.
— Chegou a ser cogitado um toque de recolher (na reunião do Gabinete de Crise), que é o que diversos municípios estão fazendo. A situação está bem grave, os números não baixam. Não queremos chocar o comércio, e sempre pensamos em preservar a questão econômica, mas questões de entretenimento não têm o porquê de funcionar. Temos que diminuir a concentração (de pessoas), para diminuir os casos e diminuir a necessidade de leitos (em hospitais). É uma questão de lógica matemática — afirma o chefe da fiscalização da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU), Rodrigo Lazzarotto.
A regra também deve valer para telentregas, afinal a prefeitura pretende garantir o fechamento das cozinhas dos estabelecimentos. Contudo, a confirmação só poderá vir após a divulgação do modelo de cogestão pelo Estado.
Os únicos empreendimentos autorizados a ficar abertos são os considerados essenciais — farmácias e clínicas médicas — e as indústrias com as devidas escalas de funcionários. Também são autorizados postos de combustíveis e lancherias que fiquem em rodovias, conforme prevê determinação federal, pois atendem a caminhoneiros.
O Gabinete de Crise salienta que continuam valendo as proibições de aglomerações e consumo de bebida alcoólica, o uso obrigatório de máscara e o controle de entrada em estabelecimentos comerciais e supermercados (apenas um por família). Na semana passada, as equipes de fiscalização foram ampliadas e atuação nas ruas foi intensificada.
— Esta atuação já começamos e tem muitas pessoas que confundiram como um combate ao comércio ambulante. A nossa ação visa diminuir aglomeração de pessoas. O foco é a pandemia. Queremos e precisamos diminuir as aglomerações nas vias públicas. As equipes estão atuando para isso, com apoio de todas as secretarias e da Brigada Militar. Sabemos que não conseguimos zerar porque para isso precisaríamos de mais 100 fiscais para cobrir a cidade inteira. Precisamos da colaboração da comunidade também — reforça Lazzarotto.
Na reunião do Gabinete de Crise, também foi acordado a abertura de cinco novos leitos de UTI no Hospital Geral. Os leitos serão custeados exclusivamente pelo município, mas atendem a 48 cidades da região.