Como não poderia ser diferente, a covid-19 desferiu seus efeitos também sobre o cenário político. Foi ano de eleição municipal, que precisou ter seu calendário atrasado na esperança de haver um pouco de alívio da pandemia. Não adiantou. O pleito exigiu fortes medidas de segurança sanitária, mas a campanha mais curta mostrou descuidos de proteção. E, depois de um turbulento período de quatro anos, que teve até cassação e destituição de prefeito, Caxias do Sul elegeu um novo comando, momento novo que pode abrir um ciclo de estabilidade político-administrativa. Adiló Didomenico (PSDB) foi o escolhido para a tarefa pelos caxienses, em chapa com Paula Ioris, também do PSDB. Eles obtiveram 136 mil votos em segundo turno. E o novo governo, ao assumir, em 1º de janeiro, terá de concentrar seu foco em como administrar os efeitos graves da pandemia na demanda por internações hospitalares, em especial nas UTIs.
Mas antes disso, Caxias do Sul teve um 2020 como nunca antes havia visto, administrada por um governo curto, com as posses de Flávio Cassina (PTB) e Elói Frizzo (PSB) como prefeito e vice em 9 de janeiro. Bem antes, desde o ano passado, Adiló já se movimentava para viabilizar uma candidatura sua a prefeito. Para isso, precisou trocar de partido, do PTB para o PSDB. Adiló foi o primeiro de uma longa lista de pretendentes à prefeitura a se movimentar. Isso lhe deu vantagens. O ano inteiro foi de articulações, que culminaram em setembro com um número de candidatos nunca visto na história de Caxias: 11. Essa quantidade ajudou a levar a eleição para um segundo turno, em que Adiló enfrentou o petista Pepe Vargas. Na Câmara de Vereadores, houve uma renovação de mais da metade das cadeiras _ 12 das 23. Na região, o PP foi o partido que conquistou mais prefeituras, e o PT não ficou com nenhuma.
A eleição foi marcada por uma abstenção recorde: um em cada quatro eleitores não votou, tanto em primeiro como em segundo turno. Os índices respectivos foram de 24,8% e 25,4%. Também foi efeito da covid-19, em especial na faixa etária a partir dos 70 anos, em que os índices superaram 52%.
Ao final de um ano de pandemia, emerge um novo governo. O que a cidade espera é um tempo de estabilidade política e administrativa. E, assim que possível, sanitária. É a primeira e mais urgente prioridade.
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Como Uma Onda, de Lulu Santos