Cerca de 40 merendeiras protestaram na manhã desta segunda-feira em frente à sede da Secretaria Municipal da Educação (SMED) de Caxias do Sul. A manifestação iniciou por volta das 7h30min e ocorreu em resposta à recente comunicado de que teriam o direito de vale-alimentação substituído por marmitas diárias a partir desta segunda-feira. Até então, as trabalhadoras recebiam o benefício depositado no cartão ao valor de R$ 16 ao dia.
— Vai fazer um mês que a gente está com essa empresa e já estamos decepcionadas. Com a outra foi a mesma coisa. Desde 2015 estamos nos estressando — Janete Bos, merendeira há 13 anos.
— Com a antiga empresa não recebemos acerto e sempre tínhamos que protestar porque não éramos pagas. Agora, entramos no golpe da outra (empresa). Trabalho mais de oito horas por dia, mil reais e uma marmita é inaceitável, não é justo com a gente. — protesta.
E acrescenta:
— Como vou chegar em casa e dar a comida para os meus filhos? Com vale-alimentação eu fazia rancho. Muitas das minhas colegas têm marido para ajudar, mas as que pagam aluguel e compram coisas para os filhos, como vão conseguir se virar? — Suzane da Silva Nunes.
Já a merendeira Rosicler Maciel admite que houve pressa na assinatura do contrato com a empresa. Ainda assim, ela afirma que nunca houve transparência no processo:
— Tudo foi assinado com pressa. Tudo em grupo, não recebemos cópia do contrato. Fomos inocentes para nos livrar da outra empresa. O prefeito e a secretária foram nos visitar e prometeram que tudo ia melhorar. Não é o que está acontecendo — salienta.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza e Conservação (Sindilimp), Henrique Silva, há um acordo convencionado que permite substituir o valor de vale-alimentação em comida preparada. Porém, a refeição não pode ser menor do que os R$ 16.
— Para a empresa não compensa pagar o valor da marmita, porque o custo vai ser maior, pois ela teria que fornecer marmita por R$ 16 e gastar mais em logística e entrega — comenta o sindicalista.
Segundo ele, no entanto, para concorrer à licitação que definiu a gestora das merendeiras, a empresa vencedora propôs menor preço e não incluiu valores previstos para insalubridade. Esse, conforme Henrique Silva, teria sido o motivo da nova proposta de benefício alimentício apresentada.
— O que a empresa fez: reduziu valor para ganhar licitação e não incluiu insalubridade. Agora, como não podem pagar valor exato dela (da insalubridade), estão tentando mexer no auxílio-alimentação. A empresa foi até o sindicato e queria pagar valor do auxílio-alimentação menor do que o previsto. Neguei, afinal, a convenção definiu que são R$ 16 — ressalta.
O movimento foi encerrado por volta das 10h com a promessa de uma reunião na próxima quinta-feira, quando representantes da empresa, que tem sede administrativa em São Paulo, virão a Caxias.
O Pioneiro procurou representação da Secretaria de Educação para esclarecer a situação, porém, a reportagem foi informada de que não havia ninguém para atender antes das 14h30min.
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